Nem todas as empresas familiares conseguem ser bem sucedidas na passagem da gestão para a geração seguinte. A longevidade de um negócio através de várias gerações é um desafio difícil e, para se efetuar com êxito, exige uma planificação da sucessão no que concerne à propriedade e gestão da empresa.

A Symington, que já vai na 13ª geração ligada à produção de vinho do Porto, é um exemplo de longevidade e manutenção de um negócio familiar no trilho certo. Juntamente com um irmão e três primos, e já com o filho mais velho a dar também os primeiros passos na empresa, Paul Symington gere um grupo que é detentor de 27 quintas no Douro (uma área total de dois mil hectares) e vende para todo o mundo vinhos premium das marcas Graham’s, Cockburn’s, Dow’s e Warre’s, além de diversos vinhos DOC.

A Symington fatura mais de 80 milhões de euros anuais e tem conseguido integrar os membros da família na atividade. “Os meus filhos trabalharam aqui, todos passam pelas vindimas e pelas adegas antes de entrarem no negócio”, disse recentemente o sócio da Symington Family Estates, empresa-mãe que reúne toda a atividade empresarial. Uma regra da família implica “reforma automática aos 65 anos, de forma a dar espaço aos mais jovens”, pelo que a próxima geração começa a ser preparada.

“Quando o negócio mudar de mãos, necessitará de um novo modelo de governo e estrutura de poderes, que permita a todos os proprietários estarem altamente implicados com a direção da companhia. O caminho para fazê-lo, para planificar a sucessão na empresa familiar e as atuações que dela derivem, é um grande acordo subscrito pela família e conhecido como Protocolo Familiar”, explica António Nogueira da Costa, sócio fundador da efconsulting em Portugal.

Neste documento “devem estar refletidas as vontades e os compromissos adquiridos pelos membros da família num guia de condutas que todos respeitam. Um acordo sobre como se pretende que seja o futuro da empresa e como trabalhar para o alcançar. Não existe maior força na empresa familiar que aglutinar as vontades de todos os indivíduos que a constituem”, refere o responsável.

Com o melhor vinho do mundo

No ano passado, a conceituada revista de vinhos internacional “Wine Spectator” distinguiu um vinho da Symington, o Dow’s de 2011, como o melhor do mundo entre 18 mil vinhos em concurso. Um prémio que trouxe notoriedade aos vinhos portugueses e que, segundo Paul Symington, despertará a curiosidade de países como França, Reino Unido, Alemanha e EUA, nos vinhos da região do Douro. O Dow’s 2011 teve uma produção de 72 mil garrafas e as vendas esgotaram rapidamente.

 

Publicado no “Especial Empresas Familiares” do Jornal de Notícias de 2014/07/08 integrado no âmbito da conferência “A Sucessão da Liderança na Empresa Familiar”

 

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