As mudanças Macroeconómicas são um dos catalisadores disruptivos do mercado onde atua a empresa familiar.
A macroecononomia engloba um conjunto alargado de elementos cujas análises individualizadas, interrelacionadas e interpretações, potenciam uma infinidade de interpretações. Essas mesmas leituras podem mesmo ser de nível antagónico e, consequentemente, orientar decisões em sentidos opostos.
O estudo “Empresas familiares da próxima geração: Liderando um negócio familiar num ambiente disruptivo”, da Deloitte, considerou os aspetos macroeconómicos como o principal catalisador disruptivo da empresa familiar.
Isto significa que os empresários ou líderes deste tipo de organizações, cujo grande e relevante objetivo é assegurar a continuidade das suas empresas ao longo dos tempos e das gerações familiares, têm de estar alerta e ter a capacidade de, por um lado, interpretar as variáveis macroeconómicas que mais podem influenciar as suas entidades e, por outro, o impacto que as mesmas podem ter sobre os seus negócios.
A título ilustrativo, uma alteração à política de abertura de fronteiras às trocas comerciais, certamente vai originar ameaças por via da entrada de novos concorrentes, mas também vai gerar oportunidades para os introduzir, representar, tratar da logística, etc.
Assumindo que a envolvente macro possui uma enorme complexidade, existem duas grandes constatações que devemos ter presente: a nossa incapacidade de alterar a sua ocorrência e a necessidade de adaptar a empresa ao novo contexto ou preparar para sofrer as consequências do seu impacto.
Neste contexto temos de assumir que se não se pode vencer uma adversidade a solução não é desistir, é encontrar a alternativa de a transformar em oportunidade.
Esta é uma das principais capacidades dos empresários familiares.
Em setembro de 1980, Eduardo Rangel tendo como base toda a experiência demonstrada enquanto Chefe de Exportação de um escritório de Despachantes na Alfândega do Porto, cria a sua primeira empresa dedicada à atividade transitária. Três anos depois, com a obtenção da licença de Despachante Oficial, surge uma nova empresa especializada nas atividades aduaneiras.
Em 1988, a sua participação ativa em eventos a nível europeu, percecionou que os próximos anos seriam de mudança profunda nas trocas comerciais entre os países com a tendência para um espaço único e sem fronteiras. Decide diversificar e cria a Rangel Transitários para se dedicar ao transporte terrestre Europeu.
Na década de 90 alarga a oferta ao transporte aéreo e marítimo, passa a oferecer serviços integrados de distribuição e logística, o que lhe permite ganhar a operação logística da Expo98. A experiência desta operação permite lançar a Feirexpo, uma empresa dedicada à logística e transporte de feiras e exposições.
Em 1999 é selecionada parceira da FedEx, levando à criação da Rangel Expresso.
Em 2006 surge a expansão internacional com início de atividades em Angola e Espanha.
Detetando ineficiências na distribuição farmacêutica cria, em 2009, a Rangel Pharma a que se seguiram outras especializações para os negócios do vinho e da moda.
Em 2016 os números são ilustrativos do que a visão deste empresário e grupo familiar permitiu construir: +263.000m2 de área de logística, 1.500 empregados, 23.000 clientes resultando numa faturação de cerca de €157 milhões.
Temas para Reflexão:
- Quais as principais tendências macroeconómicas que percecionamos para os próximos anos?
- Em que é que a atividade da nossa empresa familiar poder sair afetada?
- Conseguimos identificar alguma oportunidade de negócio para agarrar e evoluir?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.