A Empresa Familiar é uma congregação de três grandes áreas de interesse: Negócio, Proprietários e Família. Em situações particulares existe uma total, ou muito grande, sobreposição destes três elementos – os adultos da Família trabalham na empresa da qual são, ou esperam vir a ser, proprietários – pelo que será natural possuirem objetivos coincidentes.
Com o decorrer do tempo assistiremos à evolução de qualquer um destes grupos:
- O Negócio cresce e os seus líderes pretendem ser criadores de mais riqueza;
- A Família multiplica-se e as pessoas querem dedicar-se a distintas atividades;
- O número de Proprietários aumenta e cada um pode ter uma distinta perspetiva de rendimentos e posse.
Sendo esta última envolvente a mais realista, as Famílias Empresárias devem preparar-se para gerir estas diferentes expectativas e assegurar a coesão familiar em torno da sua empresa.
A ferramenta ideal para este fim tem um nome: Protocolo Familiar.
Na sua componente mais visível, trata-se de um documento que se pode qualificar como a Constituição da Família; no entanto, o aspeto mais importante é o seu processo de desenvolvimento: o tempo e dedicação que todos os membros da Família dedicam à reflexão, construção e obtenção dos consensos aí refletidos.
No decurso deste período, as pessoas apreendem a relevância de pertenceram a uma Família Empresária, consciencializam-se dos grandes desafios que poderão enfrentar, definem um conjunto de regras e comportamentos e um meio de comunicação fluida e resolução de potenciais conflitos.
A implementação deste instrumento ajuda a assegurar a continuidade da empresa e a coesão familiar.
A Quinta da Aveleda existe há mais de três séculos na família Guedes e, em 2014, faz 75 anos que produz a marca de vinho verde que mais exporta: Casal Garcia.
A 4ª geração é assegurada pelos seis ramos descendentes de Roberto Van-Zeller Guedes, atuais proprietários da empresa, que somam já várias dezenas de pessoas. Em declarações à revista Exame nº 312, de abril de 2010, o Engº António Guedes salientava que “os problemas da empresa são uns e os da família são outros, mas, quer queiramos quer não, acabam sempre por se misturar … mais vale ter normas e procedimentos aceites por todos, com regras bem definidas.”
Este líder, referindo-se ao protocolo da Família Guedes, para o qual contaram com ajuda de empresa externa especializada, acrescentava “… processo, que durou cerca de ano e meio … todas as gerações participaram. Foi encontrada a solução que, de momento, satisfizesse todos … e todos assinaram a redação final”.
Temas para reflexão:
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Cada pessoa da nossa família está consciente do papel que desempenha?
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Como enfrentamos e ultrapassamos os desafios com que nos deparamos?
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Existe um meio de diálogo periódico para manter a coesão familiar em torno da empresa?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.