Se as Empresas Familiares representam a maior parte das sociedades portuguesas, o número de Famílias Empresárias é muito expressivo.
Ser Família Empresária é algo que, nos dias de hoje, deve ser assumido de uma forma bem distinta: uma estrutura profissional que reúne membros unidos por laços de parentesco (consanguíneo ou não) que domina um determinado legado patrimonial muito relevante para o bem estar de todos.
Do ponto de vista decisional, este conceito deve implicar algumas diferenciações do que é tradicional na Família, devendo:
- colocar os interesses da Empresa acima dos interesses da Família;
- separar os interesses pessoais dos coletivos;
- evitar tratar os assuntos empresariais nos encontros típicos de Família;
- reunir periodicamente para tratar dos seus assuntos patrimoniais;
- ter uma lógica mais racional do que emotiva.
Não sendo fácil assumir este tipo de comportamento, o mesmo pode ser apreendido e implementando pelo desenvolvimento de um Protocolo Familiar.
Esta constituição mais não é do que um acordo de comportamento e regulação da Empresa, da Família e suas interligações, no sentido de assegurar uma harmoniosa coexistência e continuidade futura.
José Maria do Espírito Santo e Silva foi um Self-made man que conseguiu tirar o melhor partido das oportunidades conjunturais das últimas décadas do séc. XIX. A sua “Caza de Cambio”, situada na Calçada do Combro em Lisboa, deu origem ao BES que foi nacionalizado em 1975.
A família recomeçou a atividade no exterior, regressando em 1986 e reconstruindo o grupo familiar suportado em cinco grandes ramos familiares (quatro Espírito Santo e um Mosqueira do Amaral).
O ramo de José Manuel Espírito Santo “decidiu contratar uma empresa especializada em gestão de empresas familiares para estabelecer um “protocolo familiar” com o intuito de se encontrarem “Soluções para as Gerações Futuras”, que começou pela criação de um Comité de Redacção dos Estatutos, composto por 5 membros da nova geração, que ao participarem na sua redacção estavam automaticamente a comprometerem-se com o futuro!
Os aspectos mais importantes do acordo são, além das suas regras de funcionamento, os seguintes:
- Quem pode/não pode ser parte do acordo – “bloodline”;
- Regras para venda das participações;
- Avaliação do trabalho e estratégia de Recursos Humanos da Família;
- Escolha do líder da Família.
Uma vez eleito o líder, a preocupação comum a todos os membros da família deverá ser
uma única: Ajudá-lo a desempenhar da melhor forma a sua função.
Fonte: “Declaração de José Manuel Espírito Santo no GEEF, 2008
Temas para reflexão:
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Na empresa como tratamos os assuntos respeitantes a interesses da família?
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Na nossa família como tratamos os assuntos dos negócios?
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Temos procedimentos racionais claros e percebidos por todos?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.