Um grande líder de uma organização é muitas vezes reconhecido por uma ou múltiplas atitudes:
- Um empreendedor que lançou a empresa;
- Um trabalhador árduo sempre ao lado dos funcionários;
- Um visionário que investiu onde outros estavam a desinvestir;
- Um apoiante de iniciativas de apoio local;
- Um crítico de sistemas implantados, etc.
No caso das Empresas Familiares, existem duas grandes ações que um grande gestor deve ter uma enorme preocupação em assegurar que lhe sejam atribuídas, a saber: treinador de futuros líderes e passar o testemunho.
Não existe pessoa mais habilitada a formar a próxima geração de gestores duma organização que o seu atual líder: conhece os principais desafios e os requisitos necessários para os enfrentar, logo deve chamar a si a grande função de treinar aquelas pessoas que acredita possuírem as condições para evoluírem e assumirem maiores responsabilidades diretivas.
Após as pessoas preparadas, o grande líder tem de enfrentar duas das mais difíceis decisões da sua vida profissional: identificar o líder máximo pelo seu nome e abdicar do cargo passando-lhe o testemunho.
“Salvaguardadas devidamente as competências próprias do Conselho de Administração desta sociedade e a autonomia respetiva relativamente à nomeação do seu Chairman e CEO, que lhe advém da lei e dos estatutos, será proposto ao Conselho de Administração eleito que este considere a pertinência da eleição de Duarte Paulo Teixeira de Azevedo para os cargos de Chairman e Co-CEO e de Ângelo Gabriel Ribeirinho dos Santos Paupério para o cargo de Co-CEO, com vista a assegurar uma filosofia de continuidade da gestão da sociedade para o futuro, em coerência com aquela que sempre foi desenvolvida até este momento em concertação com os interesses estratégicos dos seus accionistas” – este é um excerto o comunicado Sonae, de 9 de março de 2015, no qual Belmiro de Azevedo, 77 anos, decide abandonar o cargo de charmain da Sonae.
Em 2007 e num processo idêntico, Belmiro abandonou a presidência executiva da Sonae, tendo na altura informado que dos quatro potenciais candidatos, anteriormente preparados e com capacidades para lhe suceder, o processo que tinha desencadeado levou à eleição do filho Paulo Azevedo. Um desses candidatos era Ângelo Paupério, que agora vai assumir o cargo de CEO num modelo de governo bicéfalo, dado que vai ser partilhado com Paulo Azevedo, que irá acumular com o cargo de charmain.
Belmiro de Azevedo, ao fazer um saldo do seu percurso profissional, salientou “… o saldo é claramente positivo. 50 anos depois, uma empresa que estava praticamente falida prepara-se para ser efetivamente a maior e mais importante ‘long-living company’ da história portuguesa, com vocação de perenidade, em ambiente aberto e com rigor, transparência e qualidade. Foi neste contexto que tomei a decisão de não me candidatar a integrar nenhum conselho de administração das sociedades cotadas que são participadas pela Efanor”.
Temas para reflexão:
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Já preparamos os potenciais candidatos a líderes da empresa?
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Como vamos selecionar o seu líder máximo executivo?
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Em que data se vai processar a transição de liderança?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.