A disponibilidade de oportunidades profissionais não foi considerada, pelos participantes no estudo da Egon Zehnder, como um dos principais fatores distintivo dos negócios familiares.
Esta situação, de maior relevância em empresas de menor dimensão, pode ter origem em diversos fatores:
- Nos pequenos negócios, ou sem crescimento significativo, não se criarem novas de funções, ficando a evolução e necessidade de pessoas muito confinada à sua natural rotação;
- A ligação a uma família ter tendências a reservar algumas funções, nomeadamente as mais especializadas e de gestão, para os seus membros mais novos;
- A família ter um número de elementos, válidos a integrar a empresa, muito superior às suas necessidades e “ávidos” de lá trabalharem;
- Algumas especificidades do negócio aconselharem a que se limitem alguns acessos a pessoas de grande confiança, o que normalmente é mais fácil de assegurar entre familiares;
Aos motivos referidos, ainda se tem de considerar a típica situação de os familiares a trabalharem na empresa normalmente nunca se reformarem!
Reza a história que o Rei D. Carlos teve enorme influência sobre o casal Amaro e Constância Gomes:
- Dada a sua baixa estatura, atribuiu a alcunha de “Piriquita” à padeira Constança;
- Sugeriu que alterassem o nome da padaria para o da alcunha;
- Aconselhou o casal a fabricar um doce típico da zona – as queijadas (que pessoalmente muito apreciava), a quem forneceu a receita.
Verdade ou lenda, a realidade é que a antiga fábrica de queijadas de Constância Piriquita nasceu como padaria em 1862, na Rua das Padarias em Sintra. Do pão, às queijadas e, mais tarde e já pelas mãos da filha Constância Luísa, os famosos travesseiros. Este típico bolo em forma de “almofada” tem por base massa folhada, creme de ovo, amêndoa e um ingrediente secreto que o diferencia, torna apetecível e um ponto de paragem obrigatória na vila.
Maria Leonor Cunha, esposa de António Cunha, neto da “Piriquita” é a fiel depositária do segredo do recheio dos travesseiros – só ela e o filho Rui são quem produz o recheio dos pastéis.
Este segredo faz parte da história desta família, que já vai na sua 7ª geração, não sendo dado a conhecer aos pasteleiros.
O que não significa que não tenha sido alvo de espionagem. Conta-se que um antigo distribuidor dos pastéis da casa, julgando conhecer a receita dos travesseiros, ofereceu-se a uma pastelaria rival, que o contratou por um enorme valor. Mais tarde ficou a saber-se estas imitações quentes ainda se comiam, mas quando esfriavam ficavam empedernidas.
Fernando Cunha, outros dos filhos de Leonor, salienta já recusaram por diversas vezes a evolução via franchising, essencialmente por dois motivos: implicar revelar a famosa receita (o segredo é mais-valia da família) e, se não o fizessem, teriam de ser eles a fabricar, congelar e enviar e os pastéis, o que iria contra o que é fundamental – “eles são bons é acabadinhos de sair do forno.”
Temas para reflexão:
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Que oportunidades profissionais existem na nossa empresa?
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Quem pode aceder às mesmas?
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Os nossos familiares e empregados conhecem a razão das restrições existentes?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.