Um dos aspetos menos apreciados relativamente ao trabalhar para uma empresa familiar, pelos inquiridos pelo estudo da Egon Zehnder, está associado às suas políticas remuneratórias.

Por muito óbvio que possa parecer, devemos ter presentes dois grandes tipos de pressupostos:

1. Individuais:

  • Todos temos de satisfazer as nossas necessidades: desde as mais básicas e imprescindíveis à sobrevivência física, até as mais amplas associadas a sentimentos de pertença ou realização pessoal,
  • O salário é um dos principais instrumentos que permite materializar a satisfação das nossas necessidades.

2. Empresariais:

  • Sem pessoas a empresa não existe;
  • A política de remuneração é muito sensível pois influi significativamente nos resultados da empresa (a maior parte das vezes é o principal elemento da sua estrutura de custos) e no desempenho dos empregados.

Contextualizando-se assim a extrema importância da compensação pelo trabalho, os gestores duma empresa devem definir e apresentar de forma clara a sua política remuneratória, em especial aquando do processo de contratação, seja ela suportada em sistemas fixos ou mais variáveis indexados a determinados acontecimentos explícitos e mensuráveis. Possuir uma ligação ao desempenho coletivo e individual é normalmente um fator fortemente apreciado.

 

Jerónimo Martins foi o jovem galego que, em 1792, abriu uma loja em Lisboa para vender de tudo um pouco: enchidos, trigo e milho, velas de sebo, vinho, vassouras, etc. Certamente que nunca imaginou que mais de 220 anos o seu nome perdurasse associado a um dos maiores grupos familiares do país, cuja insígnia mais conhecida em Portugal é o “pingo doce”.

No final de 2014 o grupo Jerónimo Martins estava presente em Portugal, Polónia e Colômbia e empregava mais de 86.000 pessoas.

Alexandre Soares Santos fotoAlexandre Soares dos Santos, o rosto que mais se associa a esta empresa – apesar de já ter abandonado a liderança do mesmo passando o testemunho ao seu filho Pedro -, em setembro de 2014, no âmbito de uma uma intervenção na apresentação da Nova School, referiu:

“Acho que não se pode pagar às pessoas pouco. Não há ninguém que vá trabalhar com gosto, ganhando pouco. O salário mínimo nacional de 500 ou 520 euros não dá para nada”.

Relativamente ao papel dos acordos coletivos de trabalho negociados com os sindicatos, acrescentou “Eu não acredito nestes acordos, nunca acreditei. Cada companhia deve ter a sua política salarial e pagar de acordo com aquilo que pode”.

Num momento anterior, numa entrevista ao jornal “i”, tinha já referido que o salário mais baixo praticado no grupo era de 786 euros.

Temas para reflexão:

  • Qual é a nossa política de remuneração?
  • Existe ligação da remuneração ao desempenho da pessoa, equipa ou empresa?
  • Os empregados percebem o porquê e como é constituído o seu salário?
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