Jóias raras. É assim que milhares de mulheres em todo o mundo definem os sapatos, carteiras e acessórios criados pela exclusiva marca de luxo “Jimmy Choo”.
Fundada em 1996, em Inglaterra, pelo malaio Jimmy Choo e pela inglesa Tamara Mellon, a empresa detém 85 lojas, em 32 países, a companhia já foi vendida por três vezes, mas é um exemplo excelente de que a mudança de mãos não implica a perda dos padrões de qualidade nem trava o seu crescimento.
Este tema da sucessão empresarial será debatido na segunda conferência do ciclo “Empresas Familiares”, organizada pelo JN/TSF e a efconsulting, que se realiza no próximo dia 1, em Viseu.
Origens
Quanto à marca de luxo, as suas origens remontam a uma oficina de sapatos, em Penang, na Malásia, nos anos 70 do século passado, pertencente ao pai de Jimmy Choo. O sapateiro desde cedo começou a levar o filho, nascido em 1961, para o trabalho, na tentativa de que este seguisse as suas pisadas. Por isso, não é de estranhar que o jovem tivesse criado o seu primeiro par de sapatos aos 11 anos.
Depois de aprender a arte com o progenitor, no início dos anos 80, Choo mudou-se para Inglaterra para estudar no Cordwainer’s Technical College (Colégio Técnico de Calçado, em tradução literal), em Hackney, onde permaneceu depois de se graduar com distinção, abrindo a primeira loja em 1986, num antigo hospital.
Rapidamente o design dos sapatos despertou a atenção da revista “Vogue”, que dedicou a Jimmy Choo um editorial de oito páginas, tornando-o no “sapateiro” preferido das celebridades. Mas foi uma cliente em particular – a princesa Diana de Gales – que deu a conhecer ao Mundo os seus sapatos e lhe abriu as portas de Los Angeles e Nova Iorque.
Expansão
Em 1996, entra Tamara Mellon no negócio, comprando metade da empresa de Choo, por 200 mil euros, e fundando a companhia “Jimmy Choo”. No virar do século, a marca já estava espalhada por todo o Mundo e já tinha expandido o negócio às carteiras e aos acessórios.
Apesar do grande sucesso mundial, internamente a companhia tinha problemas de liderança, com os fundadores a entrarem em conflito quanto ao rumo a dar aos negócios. Se por um lado Mellon apostava na expansão, por outro, Choo receava que isso pudesse comprometer os padrões de qualidade e parecia ter saudades dos tempos em que estava na sua loja em Hackley a trabalhar para um número específico de clientes.
Diferentes visões
Com visões antagónicas, em 2001, o malaio decidiu vencer a sua metade da empresa a Robert Bensoussan, proprietário da Equinox Luxury Holdings, por mais de 27 milhões de euros, regressando às suas raízes numa pequena loja, em Londres, quartel-general da linha “Jimmy Choo Couture”.
O novo dono deu início a uma forte expansão do negócio, vendendo, em 2004, parte dos 50% de acções que detinha a um fundo de investimento (Phoenix Equity Partners), que, em 2007, a vendeu a um fundo inglês (Tower Group Capital), por quase 257 milhões de euros.
Em 2011, foi a vez de Tamara Mellon abandonar a empresa a troco de quase de 125 milhões de euros, depois de se ter incompatibilizado com os investidores privados que financiaram a expansão da marca.
PS de António Costa: Esta sequência de alienações na Jimmy Choo e seus motivos (divergências entre sócios), são uma parte essencial do tema da conferência de Viseu, confirmando a importância da gestão da relação acionista e da sucessão da propriedade.
Publicado em http://empresasfamiliares.jn.pt 2014/09/27 integrado no âmbito da conferência “A relação com os Acionistas e Sucessão na Propriedade da Empresa Familiar”
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.