“Coisas de família, em família devem ficar”, assim reza o ditado popular.
Mas quando se trata de negócios, nem sempre a família é a melhor guardiã. E muitas vezes é preferível passar o testemunho a outros, do que deixar lapidar o património.
E foi isso mesmo que optaram por fazer os herdeiros de Bernardo Félix, fundador da “Casa Félix”, uma empresa familiar de comercialização de cobre nu eletrolítico. Aliás, a sucessão patrimonial é um dos temas que serão abordados, depois de amanhã, em Viseu, durante a segunda conferência do ciclo “Empresas Familiares”, organizado pelo JN e TSF.
Fundada em 1949, a empresa sediada na Vialonga chegou a ser líder do mercado, mas a morte do patriarca e a falta de condições dos filhos para assumirem o rumo dos negócios levou a que a andasse um pouco à deriva.
No entanto, em 1999, Filipe Cândido, o jovem filho de um cliente da “Casa Félix” mostrou grande interesse em revitalizar a empresa, contando, para tal, com o apoio do pai, José Carlos Cândido, um empresário na área dos componentes eletrónicos.
Depois de muita persuasão, finalmente Filipe consegue convencer os herdeiros de Bernardo Félix a passarem o negócio para as mãos. E é assim que, com apenas 19 anos, assume a direção financeira da empresa agora administrada pelo seu pai.
Para preservar o legado do fundador, a família Félix impôs, contudo, as condições de que esta mantivesse o clima familiar e de que os novos proprietários ficariam impedidos de a venderem a outros durante um determinado período de tempo, algo que nunca foi divulgado pelas partes. De domínio público são os laços de amizade que se estabeleceram, a partir daí, entre as duas famílias.
Em pouco mais de uma década Filipe Cândido conseguiu fazer com que o volume de negócios passasse dos 350 mil para os três milhões euros, sem dúvida, a melhor maneira de mostrar a todos que a “Casa Félix” não poderia estar em melhores mãos.
PS de António Costa: Por vezes a solução de continuidade de uma empresa familiar passa por uma solução externa de novos acionistas. A alienação da empresa é uma decisão nada fácil, mas que revela uma enorme sensatez dos seus proprietários: é melhor ver a empresa a singrar com terceiros do que a esvaecer-se nas nossas mãos.
Publicado em http://empresasfamiliares.jn.pt 2014/09/29 integrado no âmbito da conferência “A relação com os Acionistas e Sucessão na Propriedade da Empresa Familiar”
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.