“As novas gerações são diferentes, têm flexibilidade, autonomia, espírito de colaboração criativa e trazem muitas oportunidades para a empresa que por vezes não são percebidas pelos familiares mais velhos”.
A convicção é de Jesus Negreira del Río consultor e professor especializado em empresas familiares e foi deixada esta quarta-feira, em Braga, na conferência “A gestão de familiares a trabalhar na empresa familiar” na qual foi orador principal.
No evento, que consiste num ciclo de conferências sobre a temática das “Empresas Familiares” organizada por JN, TSF e EFConsulting, em parceria com a Citroën, o especialista defendeu que “os jovens são impulsionadores do empreendedorismo familiar” e que apesar das diferenças geracionais que estão fortemente patentes em grande parte devido à economia digital e às novas tecnologias, “não podemos pretender que se adaptem às formas de trabalhar anteriores. Isso não existe para eles. Temos sim de perceber como aproveitar estas diferenças e derrubar barreiras”.
O professor da Escuela de Negocios Afundación, na Galiza, e autor de vários livros sobre esta matéria, não tem dúvidas que “esta nova geração traz muitas outras oportunidades para os negócios e muitas vezes podem ajudar as empresas da família a reinventarem-se”. Reconhecendo que tal implica pequenos passos, sugere que sejam dadas aos mais novos oportunidades bem concretas e definidas em micro projetos que estes queiram desenvolver, “garantindo-lhes autonomia e liberdade para concretizarem os mesmos até ao fim”.
Definindo a empresa familiar como a “empresa cuja propriedade (mesmo que parcial) e controlo está nas mãos de um conjunto de pessoas que possuem relações de parentesco”, Jesus Negreira del Río sublinhou que “as características próprias das empresas familiares podem ser um obstáculo para o seu crescimento e desenvolvimento”.
Enumerando a “maior aversão ao risco e ao endividamento que a média das empresas, a grande inclinação ao reinvestimento dos lucros, a necessidade de planificar os períodos de transição críticos – tais como a contratação de membros da família, a delegação de poderes, a sucessão – a preocupação com o desenvolvimento e preparação dos membros da família para assegurar a continuidade da empresa”, como os aspetos chave que podem ditar o sucesso, mas simultaneamente, o fracasso dos negócios de família, o orador sublinhou que “o futuro da empresa familiar é determinado pela família proprietária”, devendo esta remar toda no mesmo sentido.
E como se consegue chegar a este estado de maturidade? Para o conferencista a solução está na definição daquilo que denominou como “a orientação empreendedora familiar”, ou seja “as atitudes e modos de pensar das famílias na sua participação na atividade empresarial”, sendo uma das ferramentas o Protocolo Familiar.
O presidente da InvestBraga, Carlos Oliveira, que foi também um dos intervenientes do certame, referiu que “as empresas familiares são um forte alavanque não só da economia da região como em todo o país”, tendo defendido a ideia que as mesmas “devem estar atentas a oportunidades interessantes de financiamento” que, em muitos casos, não avançam devido “ao receio da perda do controlo da gestão” por parte do empresários. “Muitas vezes esta é uma falsa questão”, sublinhou.
No evento realizou-se ainda uma mesa redonda que contou com a participação de três empresários da região – José Gomes, administrador do Armazém dos Terceiros, Luís Torres, administrador da Torrestir e José Fernandes, presidente do Grupo Casais – tendo a moderação ficado a cargo do diretor-executivo do JN, Domingos de Andrade. Coube ao presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio o encerramento do encontro.
Depois das cidades da Maia, Viseu e Braga terem acolhido o ciclo de conferências “Empresas Familiares”, o próximo destino é Coimbra, já no dia 26 de novembro. Na cidade dos estudantes, o debate andará em torno de “Modelos de bom governo de empresa familiar”.
Santa Maria da Feira, por seu turno, é o local onde, a 29 de janeiro, se vai realizar a última conferência e terá como mote “A gestão da família empresária e a sua relação com a empresa familiar”.
Publicado em http://empresasfamiliares.jn.pt 2015/10/29, integrado no âmbito da conferência “A gestão de familiares a trabalhar na Empresa Familiar”, de que a efconsulting é coorganizadora
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.