A origem da Corticeira Amorim remonta a 1870. Na altura, António Alves de Amorim criou uma fábrica de rolhas de cortiça em Vila Nova de Gaia para responder às solicitações da indústria dos vinhos. Só que, após um desentendimento com os sócios, o empresário deixou o Porto e decidiu começar tudo de novo em Santa Maria de Lamas, desta vez num palheiro sem grandes condições, na última década do século XIX.
O negócio foi crescendo e, décadas mais tarde, em 1922, culminou na fundação da Amorim & Irmãos, já liderada por Henrique Amorim, o responsável pela reorganização da empresa e por vislumbrar no sobrinho Américo, um talento que mais tarde ia transformar o negócio da família.
Nascido a 21 de julho de 1934, Américo Amorim, a quem puseram o nome do pai, cedo revelou vontade de conhecer o mundo. Depois de uma rápida passagem pela Escola Académica do Porto e apenas com 21 anos, movido pelo tio, entrou no comboio “Sud Express” e partiu à descoberta.
Não mais parou de viajar, dando início nos anos 50 a um processo de exportação da Amorim & Irmãos que continuou até aos dias de hoje com a venda de cortiça para os mais diversos destinos. Até para a União Soviética, em plena Guerra Fria, conseguiu vender, por via de uma empresa criada em Viena (Áustria) para onde eram enviados os fardos de cortiça. E apesar das dificuldades sentidas em Portugal, com o Estado Novo a condicionar a indústria, conseguiu aumentar a produção na mesma e responder às exigências internacionais.
Mais tarde, em 1963, dá-se a fundação da Corticeira Amorim, com o capital social repartido entre os irmãos Amorim (Américo, António, José e Joaquim) e o tio Henrique.
Meia dúzia de anos depois resolve-se a divergência familiar na Amorim & Irmãos (onde se propagavam tios, primos, esposas e outros familiares), ficando os quatro irmãos como únicos acionistas. A partir daqui, com a organização interna resultante, o grupo Amorim deu um passo ainda maior, com a aquisição de uma unidade industrial em Marrocos e um número cada vez maior de hectares de terreno no Alentejo.
Depois do 25 de Abril de 1974, Américo Amorim tinha a estrutura montada e muito à frente do que existia no resto do país. Os colaboradores das suas fábricas eram providos de assistência médica, refeitório, salário acrescido de 10% acima da tabela imposta e bairro de casario construído pela empresa. Nas décadas seguintes, sucedeu-se a abertura de novas empresas de produção (em vários países) e a comercialização nos cinco continentes até o grupo se tornar líder mundial do setor, o que lhe deu poder financeiro para investir noutras áreas além da cortiça, como a banca, telecomunicações ou combustíveis.
Américo Amorim, que preside hoje à Amorim Investimentos e Participações SGPS, holding que gere os negócios do grupo, cedeu em 2001 a sua posição na gestão da área da cortiça a um sobrinho, António Rios de Amorim, então com 34 anos.
A Corticeira Amorim apresenta hoje um volume de negócios de 560 milhões de euros, tem 3350 colaboradores, vende quatro mil milhões de rolhas e oito milhões de metros quadrados de revestimentos por ano, sendo responsável por 35% da transformação mundial de cortiça.
Publicado em http://empresasfamiliares.jn.pt 2015/11/25, integrado no âmbito da conferência“Modelos de bom governo da Empresa Familiar”, de que a efconsulting é coorganizadora
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.