A mudança é uma constante a que o líder deve estar sempre atento.
Se olharmos à nossa volta, rapidamente constatamos que existem muitas necessidades que, ao longo do tempo, passaram a ser saciadas de forma bem distinta e, muitas das vezes, até com alguns retornos às origens. A título ilustrativo:
- O pão,que há muitos anos cada um produzia para as suas necessidades de uma ou duas semanas, passou a ser produzido em quantidade em grandes padarias que o distribuíam diretamente ou através de padarias, mercearias ou padeiras à porta; com o desenvolvimento dos fornos surgiram os espaços de pão quente em praticamente todas as esquinas e que já coexistem com as máquinas que temos em casa e nos disponibilizam o pão quente à hora que desejamos;
- Os transportes pessoais que de pedonais passaram à bicicleta, ao cicolomotor e às viaturas próprias e que agora coexistem em regime de utilização comum;
- As comunicações escritas que das cartas e telegramas se alargaram ao telex, ao fax, ao email e ao sms; e as orais que do telefone fixo passaram ao telemóvel e ao skype;
- A música que dos discos de grafonola ou gira discos evoluíram para as cassetes, CDs e se desmaterializaram em formato totalmente digital e que se pode desfrutar em qualquer aparelho eletrónico.
Certamente que muitos outros exemplos poderiam ser apontados para reiterar uma constatação: as empresas que não souberem antecipar a tendência de mudança rapidamente ficam moribundas e desapareceram.
Ao líder duma empresa familiar exige-se a difícil tarefa de detetar as evoluções do negócio e de convencer os sócios, e a família, de que a constante mudança é uma, mas não a única, das principais vias para se assegurar a continuidade do negócio em mãos da família.
A Soguima é uma empresa fundada há mais de 25 anos pelos irmãose António Guimarães e Manuel Guimarães, especializada em ultracongelados.
Aos produtos de pesca congelados, onde o bacalhau impera com a marcar Reymar e se incluem o polvo ou a petinga, a empresa tem alargado a sua carteira de produtos: sobremesas (pasteis de nata e petit gateau) e, mais recentemente, aos pré-cozinhados (rissóis, croquetes com recheios variados e produtos vegan).
Possuindo uma filosofia de máximo aproveitamento, a sua aplicabilidade à matéria prima permitiu criar pastéis de bacalhau e pataniscas, com o que sobra dos cortes precisos dos peixes, que são vendidos prontos a cozinhar em Portugal, Brasil (o maior cliente) e mais de 20 outros países.
Foi esta prática, de mínimo desperdício de matéria-prima, que despoletou uma oportunidade que aproveitaram: investimento na criação de crocodilos que são alimentados com os subprodutos. O resultado está à vista pois já criam mais de 25 mil répteis e vendem a carne para países africanos e a pele para a indústria de marroquinaria de luxo – em estado salgado e em breve produto acabado e pronto a ser utilizado.
Como para espíritos inquietos a evolução é contínua, um dia Daniel experimentou secar a pele de bacalhau, hidratá-la e verificou que mantinha a cor. Na 41ª edição da Capital do Móvel em Paços de Ferreira apresentam a novidade e convencem empresas a aceitar o desafio de aplicar este novo material ao setor dos móveis.
Atualmente a indústria do calçado e a da moda já estão a usar de vários tipos de pele peixe tingida de cores.
Com este novo produto conseguem otimizar distintas variáveis: não matar animais para utilizar a pele, combater a sazonalidade da atividade de pesca e, a principal génese desta inovação, aproveitar quase toda a pele do peixe que processam na fábrica.
Temas para reflexão:
- O que fazemos no nosso negócio?
- Será que existem opções de otimização ou evolução contínua?
- Como criar sem descaraterizar o que sabemos fazer bem?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.