As empresas familiares possuem mulheres na sua gestão.
O estudo da Ernst and Young (Women in leadership – The family business advantage) permite duas grandes constatações baseadas nas respostas das empresas participantes no inquérito, a saber:
- 41% consideram que os elementos femininos da família estão cada vez mais interessados em participar no negócio familiar;
- 70% das empresas estão a considerar uma mulher como próxima CEO.
Estes dados refletem algumas tendências da nossa sociedade relativamente à participação da mulher, das quais se evidenciam:
- A sua crescente formação (em maioria no ensino superior a partir de 1986, ano em que ultrapassaram pela 1ª vez o nº de homens, e nunca mais reduziram, e cerca de 55% dos doutoramentos realizados em 2013) e
- A sua contínua integração no mercado de trabalho ativo (41% em 1980 para 49% em 2015, fonte: Pordata)
No caso particular das empresas familiares, o papel da mulher sempre foi muito ativo, quer diretamente exercendo funções na empresa, quer pelo seu poder de influência a partir da liderança da família. Não existindo dados que o fundamente, acredito que a continuidade geracional das empresas familiares com liderança no feminino não é menor que nos casos em que a sua participação é mais limitada.
A casa Ermelinda Freitas tem a sua génese em 1920. Uma das principais caraterísticas desta empresa vitivinícola é que os principais rostos que a ela estão associados, e assumiram a sua liderança, são de mulheres.
Deonilde da Assunção Freitas foi a fundadora, seguindo-se-lhe Germana de Freitas (1ª fotografia).
Desde sempre assumiram a aposta na qualidade das vinhas e dos vinhos que, inicialmente, eram produzidos e vendidos a granel e sem marca própria.
Com o desaparecimento precoce do marido, Manuel João de Freitas, Ermelinda assumiu a continuidade da empresa com colaboração da sua filha única. Leonor, para continuar a estudar, teve de sair de Fernando Pó aos 9 anos, tendo enveredado por uma formação na área social. Mais tarde regressou e aos 46 anos, em conjunto com a sua mãe, assumiram as rédeas do negócio.
Esta união geracional fez com alargassem a produção dos 60 para os 440 hectares; lançassem, em 1997, o “Terras do Pó” tinto, primeiro vinho produzido e engarrafado e que serviu de base para nos dias de hoje apostarem essencialmente na marca Casa Ermelinda Freitas e com o sucesso que refletem a conquista de mais de 600 prémios (+ de 150 em 2015).
Em 2015 é inaugurada a nova adega, pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, que inclui a “Casa de Memórias e Afectos Ermelinda Freitas” – espaço museológico com um núcleo dedicado às quatro gerações familiares que deram origem à empresa.
Joana Freitas, formada em gestão, é o rosto da 5ª geração que já se dedica também a esta singular empresa familiar.
Temas para reflexão:
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O nosso setor de atividade tem caraterísticas de menor integração de mulheres na gestão das empresas
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O que fará com que as mulheres da nossa família se interessem mais pelo negócio?
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Estamos a preparar as nossas descendentes para assumirem funções de topo?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.