É necessário que os órgãos de topo das empresas encontrem um equilíbrio de género entre os seus membros constituintes.
A performance das empresas pode estar correlacionada com uma maior integração e envolvimento das mulheres nos seus quadros diretivos.
Um órgão gestor mais equilibrado do ponto de vista de género está associado a um maior desempenho corporativo na sua ligação à comunidade, clientes, cadeia de fornecimento e ambiente, mas não tem influência nas componentes de ética – transparência fiscal, corrupção, … – e de respeito pela força de trabalho – condições de trabalho, segurança, etc. (Companies Behaving Responsibly: Gender Diversity on Boards, Rachel Soares, Catalyst, 2015).
Tal como se constata em muitas profissões (medicina, economia, gestão, economia, …), cada vez mais a intervenção profissional da mulher surge em todo o tipo de empresas (metalúrgicas, construção e consultadoria) e de funções (técnicas e de chefia), o que tem permitido cria condições para que também surjam em maior número em posições de liderança de topo.
O governo português está a legislar no sentido de implementar um sistema de quotas que considere 40% de mulheres em cargos dirigentes do Estado, até 2019, e de um mínimo de 20% na administração das empresas cotadas, até 2018.
Mais do que imposições, numa equipa de gestão é aconselhável promover o debate dos assuntos, em especial quando estes se referem a posições de futuro onde a incerteza é muito mais ampla, envolvendo pessoas com distintas perspetivas funcionais (produtivas, comerciais, marketing, financeiras, pessoal, etc.). Se estas equipas decisoras se caraterizarem pela diversidade de género, certamente que a reflexão será muito mais rica e as soluções possíveis serão mais variadas e consistentes.
Em 1980 nasceu, na Zona Industrial da Maia, a Fábrica de Tintas 2000 que fabrica produtos para Construção Civil, Indústria de Mobiliário e de Metalomecânica.
Em 1994 surge a empresa associada Ambrósio & Filha que, com a aquisição da Tintas Marilina (onde António Ambrósio tinha iniciado a sua atividade profissional), constituem o Grupo 2000 – um dos 6 maiores fabricantes de tintas e vernizes do país – uma PME Líder que reflete o seu bom desempenho económico e financeiro.
Como o grupo é a sua vida e não se vê a fazer mais nada, António não equaciona abrandar o ritmo ou passar a “pasta” à filha. O empresário quer continuar a lutar, juntamente com a filha, pelo crescimento das empresas que dirige.
Ana cresceu entre as tintas e a partir dos 14 anos começou a passar as férias de verão na empresa a ajudar no que fosse necessário. Quando terminou o curso superior de gestão dedicou-se por inteiro aos negócios da família.
Se para António, trabalhar com a filha é fácil, “trabalhar com o meu pai não é difícil. Temos objetivos comuns, se bem que, por vezes, temos pontos de vista diferentes. Mas temos conseguido sempre chegar a um consenso e decidir por aquilo que é melhor para a empresa”.
Ainda que as tintas sejam um mundo de homens, Ana Ambrósio não se sente intimidada por ser mulher. Quanto à crise, os dois estão de acordo em que o Grupo 2000 tem sabido passar-lhe ao lado.
Temas para reflexão:
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Num negócio tradicionalmente associado mais a homens as mulheres possuem vantagens comparativas?
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As mulheres possuem mais sensibilidade para a coexistência geracional na empresa?
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As reuniões onde existe diversidade de género são mais ou menos produtivas?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.