As reuniões anuais do Conselho de Administração são uma dinâmica a impulsionar.
O Conselho de Administração de uma sociedade, para assegurar a sua devida condução, assume uma multiplicidade funções que, de forma simplista para enquadrar este tema, podemos diferenciar em duas grandes componentes:
- Mais estratégicas: definição do futuro e sua supervisão e contínuo alinhamento,
- Mais operativas: implementação das ações necessárias ao alcance das metas de longo prazo.
Relativamente às decisões estratégicas espera-se que estas sejam devidamente suportadas em adequada informação, refletidas em distintas perspetivas, devidamente ponderadas e alvo de uma decisão conjunta – que deverá ser sujeita a votação e aprovada com o quórum requerido pelos regulamentos do órgão.
As questões mais operativas e que requerem um companhamento intensivo e próximo, normalmente são delegadas numa comissão executiva ou atribuídas a membros do Conselho responsáveis por determinados pelouros. A sua atuação é mais individualizada e também alvo de um bem definido regulamento de competências decisivas. Quanto maior for esta delegação de poderes, menor será a necessidade de reuniões do conselho.
O estudo da Russel-Reynolds encontrou uma média de uma reunião do Conselho de Administração a cada dois meses, com um mínimo de uma por trimestre na Alemanha e um máximo, na Espanha, de cerca de 70% mais reuniões.
A análise a um conjunto de 10 empresas familiares nacionais, que entregaram o relatório do governo da sociedade de 2015, transpareceu uma realidade bem distinta do estudo em apreço:
- A média de reuniões é superior a uma por mês (quase 3 vezes mais que a média do estudo);
- Os conselhos que menos reúnem fazem-no pelo menos 1 vez a cada 2 meses;
- Existem conselhos que reúnem mais do que 2 vezes por mês.
Esta diversidade de encontros deliberativos, do órgão gestor das sociedades familiares portuguesas, pode ter diversas interpretações, sendo que salientaria duas delas:
- Uma menor delegação dos poderes conjuntos;
- Uma maior necessidade de se sentir ou estar por dentro das atividades correntes da empresa.
Sendo uma diferença significativa que pode levar à interpretação de uma maior componente burocrática ou espírito centralizador, também pode refletir uma vantagem significativa na integração e passagem de testemunho a novos gestores.
Temas para Reflexão:
-
Quantas vezes reune o Conselho de Administração da empresa?
-
Existem regulamentos ou atuações que possam facilitar ou agilizar as suas deliberações?
-
Que vantagens teríamos em alterar (reduzir ou aumentar) a frequência de reuniões do Conselho?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.