Planificar a sucessão deve ser uma preocupação da Administração.
A continuidade da liderança de uma organização é um assunto demasiado importante para ser deixado ao sabor dos tempos.
As sociedades que visem manter a sua existência a longo prazo devem planificar a preparação, seleção, coexistência e assunção plena de funções por parte de novos gestores. De igual forma, devem ponderar e definir o papel dos atuais gestores, nomeadamente no referente à sua preparação para o abandono de funções executivas.
Perante a pergunta, apresentada pelo estudo da Russel Reynolds, de se a atual administração possui membros com experiência na planificação da sucessão, os resultados médios refletiram o contrário da ideia comum: cerca de dois terços assumiram possuir pessoas com tais competências.
Em polos opostos apareceram a Alemanha – onde cerca de metade das empresas afirmaram não possuir pelo menos um membro com tais caraterísticas – e a Itália onde são cerca de 73% as sociedades que asseguraram incluir administradores com tais capacidades.
Tal como se reflete e planeia o futuro pensando em variáveis como mercados, produtos, alianças ou aquisições, etc. – para assegurar a viabilidade do negócio – é também extremamente importante incluir e tratar de forma profissional a questão da sucessão da liderança da empresa.
Belmiro de Azevedo foi o CEO da Sonae até 2007. Neste ano, após rescaldo da grande operação de tentativa de compra da Portugal Telecom, iniciou-se o processo de sucessão assumido pelo próprio gestor que, entre os gestores do grupo, identificou quatro potenciais sucessores: Álvaro Portela; Ângelo Paupério; Nuno Jordão e o filho Paulo Azevedo.
Segundo descreveu, em entrevistas a Judite de Sousa e ao jornal de Negócios, no início de 2007, o processo passou por uma preparação com muita antecedência dos candidatos, fazendo-os rodar por diferentes setores, e conversas pessoais com cada um deles, que foram confrontados com três “simples” questões:
- Quer e pode ser o número um?
- Se não for o eleito aceita qualquer um dos outros indigitados?
- Se não for você quem é que escolhe?
Estas questões denotam uma enorme reflexão e preparação de Belmiro e uma enorme responsabilização pelas respostas às mesmas: estas clarificarão as suas pretensões profissionais futuras.
Na perspetiva de Belmiro, para além do suporte à sua decisão na escolha do novo CEO, ficará também definido com quem este poderá ou não contar na sua equipa mais próxima.
Paulo foi o eleito e assumiu as funções em 2007, passando Belmiro de Azevedo a chairmain. Em 2010, Álvaro e Nuno abandonaram as suas funções de presidentes executivos da Sonae Sierra e Sonae Distribuição, respetivamente.
Belmiro de Azevedo costuma salientar que “… a única coisa que salva uma empresa é ter um plano de sucessões bem preparado.”
Temas para Reflexão:
- Quem se preocupa com a planificação da continuidade do CEO?
- Quando e como se se inicia o processo?
- Qual o programa de preparação dos potenciais candidatos?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.