Na hora de selecionar o CEO é bom dispor e poder comprar candidatos internos com externos.
Um dos dilemas que os sócios duma empresa familiar enfrentam, quando desejam preparar o futuro da liderança da empresa, é se os candidatos devem evoluir dos quadros da empresa ou, pelo contrário, também podem surgir do mercado – seja ou não da mesma área de negócio.
Os participantes no estudo da Russel Reynolds foram questionados sobre se comparavam candidatos internos com os externos, quando confrontados com a necessidade de mudar o seu CEO.
Se a média representa uns 60% a favor dessa comparação, os resultados refletiram duas perspetivas distintas:
- Cerca de 87% dos alemães efetuam essa confrontação;
- Somente cerca de 41% dos italianos o fazem.
Como todas as empresas passam por este processo a cada duas ou três décadas, é importante interiorizarem que o fundamental para uma organização, e consentaneamente para a família detentora e demais partes interessadas, é que o futuro líder tenha o perfil adequado aos desafios que se perspetivam.
Sendo a empresa familiar tipicamente mais fechada no seu órgão de gestão de todo, é aconselhável não se descartar todas as possibilidades e considerar que uma participação externa poderá ser uma enorme oportunidade de evolução sem perda de controlo.
José e António Lello fundaram, em 1906, a Livraria Lello que, para além da venda de livros, já foi fonte de inspiração para famosos escritores – sendo a mais reconhecida a britânica J. K. Rowling, autora da saga de Harry Potter.
Nos dias de hoje recebe, diariamente, milhares de visitantes de todo o globo e para os quais uma visita ao Porto não pode passar sem entrar no seu magnífico e neogótico edifício. Francisco Esteves, homem que tinha um enorme gosto pela literatura, foi o responsável pela sua construção desta emblemática livraria.
O ano de 2015 assinalou duas grandes novidades para esta centenária livraria:
- O surgimento de Pedro Pinto como sócio e administrador da sociedade, por aquisição de uma quota de um anterior sócio;
- O acesso passou a exigir a aquisição de um voucher, descontável na aquisição de livros.
A entrada de uma pessoa com experiência de gestão e marketing noutra área que não a dos livros – o Pedro possui e lidera a empresa As Fábricas Portuguesas, que explora vários centros empresariais, sendo o mais conhecido o da Lionesa -, aportou um novo dinamismo.
Com estas mudanças, nesse ano as visitas caíram cerca de mil pessoas por dia, mas as vendas de livros aumentaram mais de 130%. No ano seguinte, o da comemoração dos 110 anos do seu surgimento, os números atingiram outro patamar: 1 milhão de visitantes e mais de 200.000 livros, representando cerca de 2.740 e 710 por dia, respetivamente.
O filho de José Lello não trabalha na livraria, o que não significa que a mesma não possa continuar a ser uma empresa familiar: com associação à família Pinto é agora multi-familiar.
Temas para Reflexão:
- Estamos a preparar candidatos para futuros líderes da empresa?
- Qual o perfil mais adequado para os desfios de futuro?
- Devemo-nos cingir somente a candidatos externos ou aproveitar o potencial do mercado?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.