Sem cônjuges não há família; sem família não há descendência; sem descendência não há continuidade da empresa familiar.
A família empresária é caraterizada por uma atitude de receio relativamente aos cônjuges dos seus membros: “… recebemo-los bem, mas também sabemos que um dia podem partir…”
Sendo parte da família, deve existir uma filosofia de integração contínua dos mesmos, que será facilitada se estiver associada a uma política adequada de informação; mesmo para se aplicar a situações de quebra dos laços familiares diretos mas mantendo-se, por exemplo, como pai ou mãe dos nossos descendentes.
O estudo da Atrevia (Os valores e a comunicação na empresa familiar) permite classificar a passagem de informação aos cônjuges em três grandes classes:
- Bem informados: 5% das situações;
- Informados de uma forma genérica e informal: cerca de 71% dos casos;
- Não recebem qualquer informação formal: + de 21%.
Como as pessoas atuam de acordo com a sua perceção das situações, é importante que as famílias empresárias possuam uma prática de comunicação com os cônjuges ajustada à sua realidade.
Estíbaliz Vicário e Daniel Redondo conheceram-se na Holanda, onde estudavam ao abrigo do programa Erasmus.
paixonaram-se e a notícia causou alguma preocupação ao pai José Redondo.
“Esperava que o futuro profissional do meu filho passasse pela fábrica. Quando ele me apresenta a namorada espanhola, receei que, se se casassem, ele fosse viver para Espanha. É o que normalmente acontece nestas situações: o marido segue a mulher”.
A realidade foi outra pois Estíbaliz mudou-se para a Lousã onde começou a trabalhar como formadora. Em 2006, com a licença de maternidade da primeira filha, Estíbaliz passava dias com a bebé na Quinta do Meiral, onde é produzido o Licor Beirão. Entre os passeios pelos campos de ervas aromáticas e as visitas à fábrica, a jovem mãe oferecia a sua ajuda por onde passava.
“A minha filha era uma bebé calma, deixava-me muito tempo livre. Eu gostava de me sentir útil”, recorda Estíbaliz.
Daniel, que começava a não ter mãos a medir para tanta solicitação, aproveitou a disponibilidade da mulher e começou a pedir-lhe apoio em alguns assuntos do departamento de marketing.
No regresso ao trabalho, Estíbaliz não conseguiu abandonar a sua colaboração na fábrica. Pouco a pouco começou a desconfiar que o seu futuro talvez estivesse no Licor Beirão. A mudança deu-se gradualmente e sempre com muita cautela.
“A Estibaliz veio colmatar uma necessidade vital, num processo que aconteceu organicamente, sem que nada tivesse sido planeado”, explica Daniel.
Contrariando os primeiros receios do pai José Redondo, de Espanha não podia ter vindo melhor casamento.
Estíbaliz veio comprovar a forma eficaz como a família seduz cada elemento a apaixonar-se pelo negócio. “Nunca me tinha passado pela cabeça trabalhar na empresa da família.”
(Fonte: José Carranca Redondo Centenário do nascimento do fundador).
Temas para Reflexão:
- Que conhecimento da empresa possuem os cônjuges da família empresária?
- Possuímos uma política de informação periódica aos cônjuges sobre o que se passa no negócio?
- Estamos conscientes da capacidade de influência ou envolvência, mesmo que indireta, que os cônjuges podem exercer na empresa familiar?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.