“Meios de comunicação formal com a família? Para quê? Nos almoços de domingo falamos de tudo.”
O almoço de fim de semana ainda continua a ser considerado o principal meio de comunicação pelo qual a família empresária se inteira do que é que se passa com o negócio.
Este costuma ser “o momento ideal” para os familiares que trabalham empresa falarem da mesma:
- focam as principais conquistas e os desafios que surgiram e estão a tentar ultrapassar;
- salientam o papel desempenhado por determinadas pessoas (bem ou mal);
- levantam algumas preocupações e, normalmente, pouco escutam.
Com o crescimento natural da família já nem todos estarão presentes nesses almoços dominicais, ou recetivos a que o tema da mesa seja “monotonamente” sempre o mesmo (empresa), pelo que é necessário encontrar vias alternativas de comunicação (ou assistirá um crescimento de desculpas para se ausentar destes repastos).
Ao questionar os participantes no estudo da Atrevia (Os valores e a comunicação na empresa familiar) se possuíam meios de comunicação formal com os familiares, a maioria foi de 3 “NÃO”, para cada 2 “SIM”.
Estes dados permitem duas possíveis grandes leituras:
- A comunicação informal é considerada como o principal e suficiente meio de interação entre a empresa e a família, bem como desta no seu próprio seio;
- A comunicação formal deve-se limitar à legalmente definida ou, no seu limite mais amplo, à que seja considerada imprescindível.
Sendo a comunicação informal a mais natural, pode ser suficiente em famílias de reduzido número de membros, quando a sua maioria trabalha na empresa ou quando se está perante pequenos negócios ou empresas.
Com o crescimento da empresa ou da família deve-se optar por meios mais formais para dar a conhecer ou debater determinados assuntos.
Esta formalidade não tem de ser significado de burocracia ou grandes e elaborados textos, mas sim instrumentos e períodos adequados para passar a informação necessária e receber os pedidos de esclarecimento ou opiniões sobre a mesma. Neste processo é relevante não esquecer que comunicar é uma estrada com dois sentidos.
O grupo NORS é a denominação, desde 2013, de um conglomerado de empresas que tem as suas origens em 1933, quando Luís Jervell iniciou as operações da Volvo em Portugal e, em 1949, fundou a Auto-Sueco.
Atualmente o grupo possui um Conselho Geral composto pelas duas famílias que controlam o capital – representadas pelos muito experientes Tomaz e Paulo Jervell e José Leite Faria -, a quem compete definir as metas e apontar o caminho.
A condução dos negócios no dia a dia está entregue ao Conselho de Gerência, liderado por Tomás Jervell, que é constituído por por oito membros dos quais seis são executivos e, destes, quatro são independentes.
O grupo possui o denominado “Código de Conduta NORS”, onde expressa quanto à sua interação com os acionistas:
- Garantimos o rigor, a veracidade e a oportunidade da informação disponibilizada aos acionistas e ao mercado
- Produzimos relatórios financeiros e informação de gestão em geral que contém apenas informação verdadeira e que são elaborados atempadamente.
Na sua ligação com a comunicação social afirmam que são “abertos, mas não divulgamos informação que não nos pertence”.
Temas para Reflexão:
- Qual a nossa política de comunicação com as famílias que controlam a maioria do capital?
- Garante o acesso de forma igualitária à informação mais relevante da empresa?
- Inclui meios para receber o feedback dos destinatários dessa informação?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.