As empresas familiares trazem em seu DNA um magnetismo próprio que as tornam especiais, mantendo em sua bagagem a certeza de que a credibilidade nas relações e o espírito de união são as bases para a rápida tomada de decisões e visão de longo prazo.
Mas apesar dessas qualidades, muitas sofrem com a passagem do tempo, principalmente quando se perdem na tentativa de perpetuação do seu legado, deixando que as vozes da emoção falem mais alto que a necessidade de profissionalização, essencial para todas as empresas, independentemente do tamanho.
Talvez por considerarem que pelo cunho familiar a empresa não necessita de regras, dado ser composta geralmente por membros familiares e de confiança, ou então por haver uma certa barreira na aceitação de consultoria e aconselhamento profissional de terceiros, fato é que muitos estudos têm retratado a dificuldade de transferir toda uma vida de esforço e dedicação dos fundadores para as próximas gerações. Segundo dados do IBGE[1], 75% das empresas brasileiras encerram suas atividades em até 14 anos.
Face a esse cenário desafiador de baixa expectativa de vida das empresas brasileiras e com a finalidade de acompanhar a evolução das empresas familiares, a KPMG fez um estudo no Brasil em 2017[2] e na Europa em 2016[3] digno de aplausos que retrata a percepção dessas famílias em relação ao futuro e seus níveis de governança. Dessa forma, será feita uma breve análise sobre alguns tópicos dessa pesquisa entre empresas familiares brasileiras e europeias para entendermos as semelhanças e diferenças entre ambas:
Com base no exposto acima, é possível constatar que as maiores preocupações das empresas familiares brasileiras para os próximos anos estão relacionadas ao ambiente externo, uma vez que seus negócios são bastante suscetíveis às incertezas políticas e econômicas. Já as empresas familiares europeias apesar de se preocuparem com as incertezas políticas, elas estão focadas em seu ambiente interno, retendo os melhores talentos e se profissionalizando para enfrentarem os mais diversos desafios.
No que tange a governança e seus pilares é possível notar que as empresas brasileiras ainda estão se familiarizando com o tema e aos poucos vão notando a sua importância. Contudo, muito há que se evoluir nessa compreensão, pois certamente esta é uma ferramenta essencial para aumentar as taxas de sobrevivência das empresas brasileiras. Já as empresas europeias, até pelo tempo de sua experiência e existência encontram-se mais consolidadas sabendo reconhecer que a governança é a peça chave para a longevidade de seus negócios.
[1] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
[2] https://home.kpmg.com/br/pt/home/servicos/enterprise/empresas-familiares.html
[3] https://home.kpmg.com/br/pt/home/insights/2016/10/european-family-business-barometer-2016.html
Monique de Souza Pereira
Membro do GEEF – Grupo de Estudos de Empresas Familiares – FGV/SP e associada do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. É formada em Direito pela Universidade Cândido Mendes – UCAM/RJ, especialista em Direito Tributário pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ/RJ, em Fiscalidad Internacional− Universidad de Castilla-La Mancha/Espanha e em Fusões e Aquisições, Reorganizações Societárias e Due Diligence e Direito Societário – FGV/SP. Sócia do escritório Souza Pereira Advogados em Curitiba.
(texto escrito em português Brasil)
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.