A nossa empresa tem 75 anos e já vai na quarta geração, sendo uma Sociedade Anónima desde 2010. O Capital está distribuído por muitos sócios de ramos familiares distintos. Há cerca de 20 anos a empresa celebrou um Protocolo Familiar, que nunca mais foi ajustado e parece-nos que não é o mais adequado. Sentimos a perda de agilidade nos processos de tomada de decisão e a tensão entre os ramos familiares tem vindo a aumentar. O que deveríamos fazer?
A questão que coloca é muito interessante e da maior pertinência tendo em conta dois elementos fundamentais que caracterizam o desenvolvimento de um Protocolo Familiar.
Por um lado, a elaboração de um protocolo familiar consiste num processo que envolve e compromete os membros da família à medida que vão descobrindo e estabelecendo as melhores regras de funcionamento com vista a assegurar a continuidade e os valores próprios e diferenciadores da Empresa Familiar.
Por outro lado, o texto emergente desse processo e que consubstancia o acordo alcançado pelos membros da família, é por definição um documento dinâmico que se deve ajustar à própria evolução da realidade da família empresária e do próprio negócio familiar, sem naturalmente por em causa o seu objetivo fundamental.
Nesse sentido, é importante estar atento aos sinais que vão emergindo, nomeadamente e como referiu a perda de agilidade nos processos de tomada de decisão, bem como a evolução das relações entre os familiares em função dessas dificuldades e da crescente complexidade da própria família. Acresce que a alteração da empresa para Sociedade Anónima, tem implicações a vários níveis que o Protocolo Familiar deverá salvaguardar e potenciar.
Entretanto, o facto de terem já celebrado anteriormente um Protocolo Familiar, significa que a família empresária já tem um conjunto de bases de relacionamento e de funcionamento do governo da empresa e da família que constituirão uma sólida base consensual que deverá ser aproveitada.
Neste sentido, perece pertinente, à luz da evolução verificada e dos principais consensos anteriormente obtidos, desenvolver um novo processo, agora de revisão do Protocolo atual, adaptando-o às novas circunstâncias e potenciando o verdadeiro objetivo para o qual foi celebrado: A sustentabilidade da empresa baseada numa gestão profissional e a união entre os membros da Família em torno da mesma.
Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 30 de junho de 2017
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.