Para um melhor desempenho da economia tem de se incrementar a taxa de sobrevivência das Empresas Familiares.
Dada a importância que as empresas familiares desempenham na economia portuguesa, se se conseguir identificar elementos que afetem a sua taxa de sobrevivência poder-se-á encontrar meios para amenizar os seus impactos.
O estudo “Empresas familiares da Região Norte: Mapeamento, Retratos e Testemunhos”, de 2018, desenvolvido pela UMinho, identificava como uma oportunidade o facto de se poder identificar alguns desses potenciais influenciadores da taxa de mortalidade das empresas familiares.
Uma análise dos dados do INE (Indicadores Económicos e Patrimoniais das Empresas não Financeiros em Portugal, 2008-2016, 2018) relativos à taxa de sobrevivência das empresas, ao fim de 1 a 5 anos após a sua nascença, relevam:
- A sobrevivência a norte é superior à média nacional;
- Ao fim de 5 anos, mais de 70% das empresas desapareceram;
- A sobrevivência de empresas que, aquando do nascimento, empregavam pelo menos uma pessoa, é superior: 45% vs 30% a Norte e 42% vs 26% a nível Nacional.
Associando-se o reconhecimento de que, nas empresas familiares, despedir é uma dos últimos atos que um empresário assume, a este elemento, então assumir compromissos com empregados parece ser um fator de contexto, aquando do lançamento de uma sociedade, que indicia uma maior probabilidade de continuidade do negócio.
Em 1918, Manoel Domingues Poças Júnior constitui com o seu tio a Poças & Comandita, para se dedicar ao comércio de aguardente vínica para produção de Vinho do Porto.
Em 1932, a título de pagamento de dívidas à firma, recebe a Quinta das Quartas. Quando em 1942 o Estado Novo assume o monopólio do comércio das aguardentes, Manuel vende as destilarias e dedica-se à produção e exportação de Vinho do Porto.
Em 1959 os netos Manuel e Jorge Pintão juntam-se à empresa que, com a sua persistência, conseguem lançar em 1962 o primeiro vintage da companhia (de 1960).
A Poças foi uma das primeiras empresas a investir nos vinhos DOC, lançando em 1990 o Coroa d’Ouro, possuindo atualmente três quintas em excelentes localizações da Região Demarcada do Douro.
Empregando mais de 50 pessoas, para além dos temporários para os períodos específicos de vindima, no ano do centenário, comemorado com um programa cultural lançou um livro (100 anos, 100 objetos) e um vinho do porto (Poças 100) com idade entre os 90 e os 100 anos, refletindo sinais de que a família está envolvida no contínuo desenvolvimento do negócio por muito mais gerações.
Temas para Reflexão:
- Qual tem sido a nossa política de contratação de empregados?
- A sua idade média indicia uma fidelização e gosto pela empresa?
- O que temos feito para potenciar a continuidade da empresa em mãos da família?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.