As Empresas Familiares possuem excelentes estruturas Profissionais e estão longe da posição contrária assumida de forma empírica.
Considerar que as Empresas Familiares são entidades com modelos de gestão centralizados, arcaicos e nada estruturados, é desconhecer a realidade destas empresas, dos seus gestores e dos seus acionistas.
Ao nível das micro e pequenas empresas, os modelos de gestão não são muito variados e estão associados a uma ou duas pessoas, o que não significa que não surjam como sociedades altamente competitivas e a atuar em mercados em qualquer parte do globo.
Quando se analisam as PME, e mesmo muitas das grandes empresas, encontram-se exemplos variados que denotam modelos de governo eficientes e outros que requerem cuidadas alterações.
O estudo “Empresas familiares da Região Norte: Mapeamento, Retratos e Testemunhos”, de 2018, desenvolvido pela UMinho, identificou como ponto fraco o desenvolvimento deficitário das estruturas profissionais de governança, gestão profissional e atração de talento.
No entanto, uma das análises efetuadas, que indagava sobre o nº de Familiares que exerciam funções executivas nas empresas, salientava que:
- 22% não possuíam qualquer membro familiar;
- 37% apresentava um único;
- 29% integravam dois elementos.
Mesmo com esta ilustração pode-se ainda reforçar que o grau de parentesco não deve ser associado a um qualquer indício de menor profissionalização de uma sociedade.
Em 2017 a Sogrape Vinhos comemorou o seu 75º aniversário. Fundada em 1942 por Fernando Van Zeller Guedes, quando este se lançou na aventura de lançar o Mateus Rosé.
Sucedeu-lhe o filho Fernando Guedes, depois o neto Salvador e, de seguida e por imperativos de saúde, o outro neto Fernando que atualmente preside a um Conselho de Administração de 9 elementos e que inclui 8 membros que não pertencem à Família Guedes.
O crescimento sustentado e geograficamente disperso das últimas décadas, que elevou a faturação acima dos 206 milhões de euros e é fruto das 11 unidades de negócio espalhadas por 10 países, levou operacionalização de uma estrutura de Gestão que considera a existência de Equipas de Gestão, agrupadas em:
- Negócio Ibérico: liderada pelo Administrador Francisco Souto e que inclui mais 7 elementos;
- Negócio Internacional & Inovação: liderada pela Administradora Raquel Seabra e que inclui também 7 elementos.
Nos anos de 2015/6 desenvolveu uma parceria com a Universidade Católica ao nível de formação avançada, tendo por objetivo criar um momento para toda a equipa (foram envolvidos 60 participantes) que sensibilizasse para a importância da formação e a abertura para uma nova fase de gestão do capital humano e do talento. De uma forma mais personalizada foram também desenvolvidos programas de coaching para 17 pessoas em dois anos.
Um dos grandes objetivos é ter as equipas alinhadas com a Missão da Empresa: Desenvolver Vinhos Originais e Intemporais com marcas internacionalmente relevantes.
Temas para Reflexão:
- O nosso modelo de gestão está adequado à estrutura e negócio da empresa?
- Qual o nível de envolvimento de membros da nossa Família?
- Os membros não familiares possuem oportunidades e integram os órgãos decisores?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.