Os principais desafios que as Empresas Familiares esperam enfrentar a 10 e 20 anos devem ser motivo de identificação e reflexão.

O grande desafio dos grupos familiares e das famílias empresárias é assegurar a sua continuidade ao longo dos anos.

Sendo foco principal dos líderes executivos assegurar a sobrevivência e a competitividade do negócio, quando se pensa a longo prazo, para além da questão da estratégia empresarial, tem de se enfrentar de igual forma o desafio de planear a perenidade da passagem e controlo da propriedade em mãos da família.

O estudo “Global family business survey 2019” desenvolvido pela Deloitte, em 2019, questionou os participantes relativamente à preparação da empresa para enfrentar quatro desafios nos próximos 10 a 20 anos. Se em termos genéricos existem uma grande confiança na sua adequabilidade, pode-se salientar:

  • Estratégia – só 14% considera não estar preparada;
  • Propriedade e Governo – possuem uma adequabilidade idêntica à da estratégia (somente 16% e 17%, respetivamente, considera não estar devidamente preparada);
  • Sucessão – somente 41% refere estar devidamente preparada, em detrimento de 24% que refere o oposto.

Preparar o futuro é um dever de todos aqueles que desejam honrar os seus antepassados, assegurar a perenidade da empresa e passar um legado para as gerações futuras; ou seja, o dever de todas as famílias empresárias.

Neste mês de agosto, Alexandre Soares dos Santos, o principal obreiro do grupo Jerónimo Martins faleceu.

Tendo abandonado os estudos de Direito na Universidade de Coimbra, foi para o Brasil, tendo assumido o cargo de Diretor de Marketing da Unilever Brasil. Uma visita do pai, uma longa conversa e a morte súbita deste, ditam o regresso, em 1968, de Soares dos Santos a Portugal para assumir na administração da empresa e com a função de Administrador Delegado.

Em 50 anos muito aconteceu na vida deste empresário, no grupo e na família empresária:

Soube preparar a sua sucessão e abandonar o cargo de CEO e de chairmain, passando o testemunho ao filho Pedro Soares dos Santos, não sem antes ter tido um CEO externo (Luís Palha da Silva);

  • Internacionalizou o grupo iniciando com o Brasil (um fracasso que poderia ter colocado em risco a sua sobrevivência) e depois retomando com a Polónia e Colômbia;
  • Abriu o capital em bolsa conseguindo manter o controlo no âmbito da família;
  • Idealizou e lançou duas fundações que são uma referência nacional:
  1.  a Fundação Francisco Manuel dos Santos (em 2009) que se dedica a estudar os grandes temas nacionais e a materializar os dados na base de dados Pordata (grátis) e a coleção e livros Ensaio (a preços reduzidos);
  2. a Fundação Mar Azul (em 2017) focada nos assuntos do oceano e com o objetivo de auxiliar o país a mobilizar a sociedade em torno da questão dos oceanos (liderada pelo filho José).

Este retrato ilustra de forma muito clara que esta família empresária e o seu líder, souberam com o devido tempo planear, preparar e implementar uma estratégia do grupo empresarial e a continuidade do legado a nível da sucessão na propriedade e na liderança dos negócios e da família empresária.

Temas para Reflexão:

  • Quem serão os próximos proprietários da empresa?
  • Que modelo de liderança terá a empresa e quem serão as pessoas que a assumirão?
  • A família está organizada e preparada para assegurar a sua continuidade enquanto família empresária?

 

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