Manter a Empresa Familiar sob o Controlo da Família é o desejo e objetivo dos seus membros.
A propriedade e controlo da família são a parte essencial do adn de uma empresa familiar e, normalmente, assegurados com a máxima força suportada na posse da totalidade do capital.
Com o decorrer do tempo tendem a ocorrer duas situações que levam à entrada de novos acionistas e consequente necessidade de partilha do poder:
- O crescimento do negócio: por razões estratégicas de acesso a novos mercados ou por necessidade de financiamento via capital que a família não possui ou não deseja alocar;
- A divisão do capital por sucessão geracional: acontecimentos naturais originadores de herança ou atos de doação.
Estas situações de contínua dispersão potenciam divergências de opinião que podem levar a dificuldades na geração de consensos que agreguem o controlo da sociedade familiar.
O estudo “Global family business survey 2019” desenvolvido pela Deloitte, em 2019, constatou que mais de dois terços dos inquiridos tem como grande objetivo manter o controlo da empresa em mãos da família, contra somente cerca de 14% dos que consideram que tal não vai ocorrer.
Se o nosso grande objetivo é assegurar o controlo da empresa, então é importante planear com tempo ações que, independentemente da dispersão do capital, consigam atingir esta meta, e que podem surgir por múltiplas vias:
- Consciencialização de que a união da família é um fator que pode gerar mais valor para todos;
- Formação de todos os atuais e futuros acionistas de forma a poderem ser bons proprietários, mesmo com posições de capital reduzidas;
- Desenvolver e manter uma política de comunicação com os acionistas familiares de forma a manterem o interesse e orgulho na união em torno da empresa;
- Permitir e criar mecanismos que facilitem a saída de acionistas e a concentração de posições naqueles que desejem continuar associados.
Independentemente de se deter ou não uma posição acionista, de se ser gestor ou empregado duma empresa familiar, deve ser motivo de orgulho pertencer-se à família empresária que controla um determinado negócio que tem relevância no meio envolvente em que está inserida.
A história da Churchill’s é a da construção de um legado por parte de John Graham que, em 1981 e com 29 anos, fundou a primeira empresa de vinho do Porto dos últimos em 50 anos.
Oriundo de uma família inglesa que veio para Portugal nos finais do século XVIII e se estabeleceu em Lisboa e Porto, no comércio dos têxteis, a Graham por vezes recebia pagamento em vinho por mercadorias vendidas no Douro, o que levou à fundação da Graham’s 1820.
Os antepassados de John venderam a empresa ainda este era adolescente, contudo este dedicou-se profissionalmente a esta atividade e setor.
O desejo deste fundador era conciliar a longa tradição portuária da família e criar o seu próprio estilo de vinho do porto, distinto duma indústria ainda muito imersa no seu passado, o que fez com os dois irmãos e a esposa – Carolina Churchill – cujo apelido deu o nome à empresa.
Em 1999 compraram a Quinta da Gricha, o que permitiu a produção de vinhos do Douro próprios.
Em 2019 a filha Zoe e o marido e Ben integram a equipa, permitindo assegurar a continuidade efetuando a transição da empresa para a 2ª geração, mas com raízes nas seis gerações de história da família no Douro.
Temas para Reflexão:
- A Família Empresária deseja manter o controlo da sua Empresa?
- Todos os familiares estão disponíveis para continuar acionistas?
- O que fazer para captar o interesse e participação das gerações mais novas no futuro da empresa?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.