A Lídia Tarré é um membro da 3ª geração da família da empresa fundada pelo avô, em 1977. Cresceu entre arcas frigoríficas e as férias escolares eram passadas na sala de processamento de peixe a 8 ºC. Sempre soube que o futuro passaria pela Gelpeixe, como o confirma ao, em 2015, tornar-se a 1.ª mulher na sua administração.

Desses tempos recorda-se de embalar, pesar, etiquetar, … a ligação às pessoas que, muitas delas, ainda estão na empresa.

Começou a carreira fora de portas – “trabalhar para outros nos torna mais robustos enquanto profissionais” -, integrou a empresa da família e dedica-se a outras atividades que vão do coaching aos investimentos imobiliários.

Após licenciatura no ISEG foi trabalhar na área dos recursos humanos numa joint-venture da IBM com a PT. O pai aconselhou-a a passar pela parte da contabilidade para perceber os números, pelo que a formação, nesta e em muitas outras áreas, fazem parte da sua vida.

Por que começar a atividade profissional fora da Gelpeixe?

Tal como o caminho de Santiago, faz-se um caminho para lá chegar – uma boa prática que deveria ser assumida pelos membros de uma família empresária.

O domínio do alemão levou-a a acompanhar o pai nas compras e vendas internacionais e justificou a sua integração na área de exportações, onde foi recebida de braços abertos.

Grandes desafios pessoais:

  • Perceber que os hábitos e a relação em casa são diferentes da empresa.
  • Diferenciar a relação profissional da mais pessoal (chama ao pai de “pai”, em qualquer contexto).
  • Percecionar que o que se deseja implementar tem de ser no timing adequado e com maior sucesso se se for fazendo.

 

As maiores dificuldades que as empresas familiares enfrentam:

  • a Sucessão: deve ser bem planeada e bem falada, nomeadamente quanto à gestão de expectativas das pessoas.
  • o Protocolo Familiar: não enquanto um documento onde são definidas as regras, mas como um caminho até lá chegar, e o confiarem num consultor que acompanhe a família para permitir abordar os assuntos fáceis e, em especial, os mais difíceis.

 

As empresas familiares têm um compromisso com as pessoas – as nossas embaixadoras; estamos sempre juntos – refletindo uma baixa rotatividade e de que é reflexo o reconhecimento por etapas: 10 anos uma taça; 25 anos um relógio e 35 anos a viagem dos sonhos.

Uma sequência de acontecimentos marcantes levaram-na a entrar em “survival mode” (fazer o que é necessário):

  • Em 2010 tive Gabriel;
  • Em 2011 perdi o meu irmão Duarte (morte súbita que originou o pior momento da minha vida);
  • Em 2012 divorcio-me;
  • Em 2013 oficializa-se a compra da parte do meu tio (posição na Gelpeixe).

 

Num desejo que a vida do Duarte desse vida, a outras vidas, em 2013 criaram a Fundação Duarte Tarré:  522 bolsas de estudo a 252 estudantes, além de madrinhas e padrinhos para darem apoio a esses jovens.

O que o contexto familiar lhe ensinou de mais valioso foram as mensagens:

  • Pai: quando não souberes o que queres, sabe sempre aquilo que não queres.
  • Avô: (inclusão) nós aqui estamos estes, mas somos muitos mais (reconhecimento corporizado na árvore das folhas: a 2 de novembro acrescentam folhas das pessoas que integram a empresa).

 

O futuro da Gelpeixe passa pela sustentabilidade e a transformação digital, um caminho que se faz caminhando.

Parabéns Lídia, por este testemunho, e Cátia Mateus por mais este “o CEO é o limite”

Escutar a totalidade deste podcast permitirá sentir a energia que a Lídia coloca na sua vida profissional e um momento de reflexão para as gerações mais novas das empresas familiares portuguesas.

 

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