A génese de um Negócio Familiar tem quase sempre associada uma posição de controlo do capital por parte de uma ou mais pessoas da mesma Família; não sendo também raro a sua partilha entre membros de outras famílias.
Com a passagem do tempo, evolução da atividade, decisões estratégicas de crescimentos, etc. a empresa pode defrontar-se com três grandes tipos de operações de capital:
- Aumento para suporte às necessidades financeiras da sociedade;
- Alienação de posições próprias ou de sócios;
- Divisão de posições originadas por doação ou herança.
Sendo movimentações bem distintas, existem três elementos comuns a cada uma delas: potencial alteração da posição relativa de cada acionista, aparecimento de novas pessoas e consequente impacto nas relações do poder de decisão.
Se no aumento de capital existirem sócios que não o acompanham, originam a entrada de outros parceiros ou o incremento da posição daqueles que assumirem as partes não subscritas. Idêntica situação de desnivelamento ocorrerá nos casos de venda de capital e de divisões por herança ou doação, o que aconselha todas as sociedades a definirem regras bem claras que evitem tais dispersões indesejáveis ou a prepararem-se para lidar com distintos sócios.
Em 1918, José Soares da Costa fundou a empresa que deu origem ao Grupo Soares da Costa. Dedicando-se ao mundo da construção, na década de 80 internacionaliza-se com entrada em Angola, Guiné-Bissau e Venezuela e, no final do século, com a entrada em grandes obras públicas (estádios, hospitais, metro do Porto, etc.) ganha dimensão e notoriedade.
Depois de em 1986 ter aberto o capital ao público, vinte anos após a família aliena a totalidade do capital ao grupo Investifino, controlado pela família Fino. Com a nova liderança a empresa ultrapassa os 50% da sua faturação em negócios no exterior.
Em 2013, ano em que atingiu um volume de faturação próximo de €500 milhões e uma carteira de encomendas superior a 600 milhões, a Soares da Costa Construção cede uma posição maioritária de dois terços do capital a António Mosquito – um empresário de referência no mercado Angolano e onde está localizada cerca de 57% da sua carteira de encomendas.
Estando muito próxima do seu centenário, a empresa assiste à sua continuidade através de um fluxo do capital de controlo, desde a família fundadora que lhe dá o nome, à passagem pela família Fino até chegar à de Mosquito Mbakassi.
Temas para reflexão:
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Que variações podemos prever nas posições acionistas da nossa empresa?
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Estamos preparados para enfrentar movimentos que nos retirem o controlo da sociedade?
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Como conviveremos com novos e estranhos sócios?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.