Uma das classificações dos inquiridos pela Egon Zehnder atende à sua relação com a Empresa Familiar quanto à sua condição de proprietário ou de experiência de trabalho numa destas sociedades.
Esta diferenciação permite uma análise curiosa das respostas relativas aos principais instrumentos ou procedimentos implementados pelos negócios familiares: excluindo as normas profissionais de governo da empresa, para todas as outras situações os proprietários consideram que existe um maior índice de implementação do que aquela que é percecionada pelos que possuem somente experiência de trabalho na entidade de origem familiar.
Analisando cada uma das rubricas respondidas, as empresas adotam na sua gestão normas profissionais, sendo que os seus donos consideram que podem ir ainda mais longe nesta área, o que certamente será uma tendência muito positiva para a organização.
Por outro lado, reconhece-se uma significativa diferença de opinião na temática do planeamento da sucessão da liderança, o que, ao ser uma área muito sensível e potencialmente demolidora de estruturas de índole familiar, deve ser analisada e abordada de forma prioritária e mais profissional.
A divergência acentua-se ainda mais na política de remuneração dos executivos não familiares, o que se coaduna com a enorme relutância em atribuir compensações com ligação ao capital.
Por último, saliente-se o reconhecimento da existência de procedimentos de gestão das relações familiares, refletindo o muito que se tem feito junto dos empresários e destas empresas, no sentido de disciplinarem e regularem de forma clara a gestão da família empresária e da sua ligação à empresa.
Com o incremento de atuações mais profissionais, acreditamos que o futuro irá refletir índices de continuidade dos negócios familiares muito superiores àqueles que o passado tem apresentado.
O primeiro semestre de 2014 tem originado um conjunto de informação associada ao grupo familiar Espírito Santo que, independentemente da sua completa explanação, permite identificar um conjunto de situações e afirmações que corroboram algumas das vantagens da definição dos procedimentos identificados pelo estudo da Zenhder.
- Ricardo Salgado, questionado a 14/11/2013, aquando do congresso da APDC, sobre o que estava o ocorrer sobre a sucessão salientou “No caso do GES, a sucessão é um tema que é tratado no fórum próprio. É no conselho superior que analisamos e decidimos estas situações. No caso do BES, a sucessão é decidida em assembleia geral, pelos acionistas entre os quais o Crédit Agricole. É por esse crivo que as soluções têm de passar”.
- O Espírito Santo Financial Group (ESFG) foi obrigado a fazer uma provisão de 700 milhões de euros para cobrir o risco de não pagamento de papel comercial de empresas do grupo que tinha sido vendido pela rede de retalho do BES. A provisão resultou de uma auditoria feita pela KPMG e pela PWC, a pedido do Banco de Portugal, para averiguar a capacidade das empresas do grupo de pagarem essa dívida aos investidores.
- A reunião do Conselho Superior da família Espírito Santo aprovou o nome de Amílcar Morais Pires para substituir Ricardo Salgado como CEO do Banco Espírito Santo.
Temas para reflexão:
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Que procedimentos de gestão da empresa e da família temos implementados?
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Estão em pleno funcionamento e trazem valor acrescentado a todos?
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O que podemos melhorar?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.