A cooperação é um aspeto distintivo que as mulheres empresárias podem evidenciar
A cooperação é indiscutivelmente uma das vias imprescindíveis à competitividade empresarial, emane ela da liderança no masculino ou assumida por mulheres de garra.
Desenvolver um negócio suportado numa empresa verticalizada: da produção à entrega ao cliente, é algo quase impraticável nos dias de hoje. As grandes multinacionais desde há muitos anos que se têm vindo a focalizar em duas grandes áreas:
- execução de determinadas componentes da cadeia do negócio,
- contratação e controlo dos restantes elos complementares e necessários à sua conclusão.
Com este objetivo desenvolvem ligações em rede, com muitos outros operadores que executam as restantes funções e que podem ser muito diversas:
- desenvolvimento de novos produtos e matéras primas de incorporação,
- produção e espaços de armazenamento,
- logística e distribuição,
- comunicação e comercialização,
- sistemas de informação de integração de todos os elementos intervenientes nos processos, etc.
No mundo dos negócios globais surgem muitas empresas familiares com esta capacidade, contudo, é na multiplicidade de parceiros que estes requerem que se encontram a grande maioria dos negócios familiares: empresas especializadas numa das componentes e com capacidade de ser um dos elos fortes da cadeia de cooperação.
No final de maio de 2016 foi oficialmente lançado o grupo D’UVA Portugal Wine Girls. Oito mulheres empresárias, herdeiras de reconhecidas marcas de vinho portuguesas, concluíram possuir em comum a vontade de criar novas sinergias, de ganhar escala e de marcar pela diferença.
O espírito do projeto, que surgiu do conhecimento proporcionado pela reportagem “As herdeiras do vinho” e de vários almoços e jantares (com prova de vinhos certamente), emana de cada uma delas:
• Rita Nabeiro, na direção da Adega Mayor, salienta o desejo de criar uma rede de partilha de experiências e conhecimento;
• A Rita Fino, com o seu Monte da Penha, reforça a genuinidade que a diversidade de microclimas e castas proporciona;
• Na Herdade do Rocim, no Alentejo, Catarina Vieira revitalizou o negócio familiar com um produto que é conhecido internacionalmente;
• A Maria Maia, responsável pela viticultura da Poças Júnior (empresa iniciada pelo bisavô) sente que numa envolvente tão competitiva é crucial este juntar de forças;
• Luísa Amorim surge com a Quinta da N. Sra do Carmo, diversificando a tradição da família da componente das rolhas para o próprio néctar;
• A Rita Pinto lidera a Quinta do Pinto, assumindo a sua marca como recente (cerca de 15 anos) salienta que unidas serão melhores a contar uma história mais completa sobre a diversidade dos vinhos portugueses;
• Francisca van Zeller, que representa a 15ª geração associada à produção de vinhos no Douro, também acredita na vantagem de uma voz mais unida, de mulheres com distintas personalidades que podem mostrar que este pequeno país tem muito para divulgar;
• A Mafalda Guedes, gestora da marca Herdade do Peso da Sogrape, sintetiza a essência na paixão pelo vinho que lhes foi legada pelas respetivas famílias.
A união está a demonstrar a força destas mulheres a impulsionar cada um dos seus próprios negócios e que o futuro certamente refletirá.
Temas para reflexão:
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Competimos ou podemos coopetir?
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A cooperação que vantagens poderá proporcionar?
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Vamos continuar orgulhosamente sós ao pensamos seriamente na cooperação?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.