A conceção de um negócio suportado numa Empresa detida por uma Família tem subjacente, quase sempre, a ideia de assegurar a sua continuidade nas mãos dessa Família.
Se em muitos caso este objetivo é alcançado, o que fazer em situações como:
- Não existirem descendentes;
- Os filhos possuírem interesses que não passam pelo negócio;
- Os descendentes não tiverem competências para gerir a empresa;
- Os sucessores, apesar de todo o esforço, não conseguirem manter o negócio rentável;
- Os herdeiros não conseguirem assegurar de forma conjunta a posse patrimonial.
Estas ocorrências são mais frequentes do que parece, pelo que é relevante preparar-se para as enfrentar e encontrar soluções alternativas.
Normalmente existem duas saídas: deixar a empresa arrastar e definhar até sucumbir ou alienar a quem considera ter competências para lhe dar continuidade.
Se quem detém o património reconhece o seu verdadeiro valor, o esforço que todos fizeram pela sua construção e o impacto que a sua existência tem para todos os seus stakeholders, em especial os seus empregados, certamente optará pela alternativa que assegure a sua continuidade.
A Quinta do Paço nasceu como leitaria em 1920, bem próximo da Torre dos Clérigos, assumindo-se como a primeira a vender leite engarrafado no Norte, que vinha de Paços de Ferreira para ser distribuído pelas leiteiras. A evolução do negócio levou à produção e comercialização de produtos derivados como os iogurtes, queijo, manteiga e chantilly. Esta última matéria prima passou a rechear um novo produto: o éclair.
Até 2012 a leitaria esteve a cargo da família fundadora, altura em que um casal portuense a adquiriu. José Eduardo e Joana Ramalho Costa, consideraram que podiam dar um novo alento a esta histórica referência do Porto. As receitas mantiveram-se mas em pouco mais de dois anos aconteceu uma (r)evolução:
- uma nova imagem e política de comunicação,
- redecoração e novos espaços: centros comerciais e Bom Sucesso,
- novos éclairs (maracujá, frutos vermelhos, snéclair),
- aposta na distribuição ao começar a efetuar entregas dos produtos num carro elétrico.
Esta casa vê a sua história prolongar-se nas mãos de uma nova Família, que tudo fará para a levar a ultrapassar o seu primeiro centenário e manter como uma distinta Empresa Familiar.
Temas para reflexão:
-
Temos uma geração mais nova com garra para assegurar a continuidade da empresa?
-
O que podemos fazer para captar o seu interesse e motivar para o negócio?
-
Se tivessemos de alienar a empresa, a quem gostaríamos de o fazer?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.