Em menos de uma semana desapareceram dois grandes empresários espanhóis: Emílio Botín – o grande dinamizador da internacionalização do Banco Santander e Isidoro Álvarez – o responsável pelo crescimento orgânico do El Corte Inglés e quem deu o primeiro passo para a sua passagem de fronteiras em direção a Portugal.
Sendo uma das principais marcas do país vizinho, de reconhecido valor para espanhóis e portugueses, teve as suas origens, em 1934, numa pequena alfaiataria localizada numas das principais ruas de Madrid (calle Preciados), sendo seu fundador Ramón Areces Rodríguez.
Nascido numa família de agricultores de oito filhos, em 1920 emigrou com dois irmãos para Cuba.
O seu tio César conseguiu que fosse trabalhar como aprendiz (como contrapartida de comida e dormida) nos armazéns “El Encanto”, onde era gerente.
Esta ligação permitiu-lhe uma estadia nos Estados Unidos e Canadá para melhorar as relações comerciais da empresa, estudar os mercados e abrir delegações.
Regressado a Espanha, compra e transforma a alfaiataria recorrendo ao modelo dos armazéns que bem conhecia, distribuindo as vendas por departamentos e suportando-se no serviço ao cliente. Nos anos 60 alargava a sua presença a Barcelona, Sevilha e Bilbao.
Em 1973 um problema de saúde leva-o a passar o testemunho ao seu sobrinho Isidoro Álvarez. Anos mais tarde cria a Fundação Ramón Areces, dedicada a fomentar a investigação científica e técnica, a educação e a cultura, a quem legou a sua participação no El Corte Inglês (à data a mais relevante empresa espanhola de capital privado).
Isidoro, promoveu o grande crescimento orgânico, tendo em 1995 adquirido o seu rival de sempre: Galerias Preciados que estava a sucumbir.
Com o seu desaparecimento aos 79 anos, sucede-lhe o sobrinho Dimas que foi um dos responsáveis pela abertura das lojas de Lisboa e Porto. Com 39 anos, este jovem gestor tem nas suas mãos o destino de mais de 93.000 empregados (64% mulheres), sendo muitos deles seus acionistas, um volume de negócios superior a 14 mil milhões de euros e dois grandes desafios:
- Impulsionar a Internacionalização e
- A abertura de capital em bolsa.
Temas para reflexão:
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A nossa empresa está apta a uma mudança de timoneiro?
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Preparamos várias pessoas para poderem assumir a liderança da sociedade?
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Os potenciais sucessores estão aptos a conduzir o negócio?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.