Uma das principais expectativas relativas ao líder duma organização manifesta-se na sua capacidade de manter a empresa competitiva ao longo dos tempos.
Desenvolvendo-se esta esperança aplicada ao líder duma empresa, podemos identificar várias características envolventes, umas genéricas genéricas:
- O líder deve ter a capacidade de transformar o sonho na visão da empresa
- O líder deve conseguir envolver as pessoas na perceção e assimilação da visão;
- O líder deve criar condições para alinhar os recursos que permitam definir estratégias adequadas;
- O líder deve manter viva a chama da visão e, sempre que necessário, realinhar todos no seu caminho;
e outras mais específicas das empresas familiares:
- O líder deve transformar a visão da família na visão do negócio;
- O líder deve preocupar-se com o futuro da empresa na posse da família;
- O líder deve preparar potenciais sucessores;
- O líder deve potenciar a coexistência com o seu sucessor;
- O líder deve saber abdicar e entregar o testemunho da liderança.
Se pensar no essencial a longo prazo – manter o legado nas mãos da família – e alcançar esse futuro, o líder só poderá ser recordado como um dos grandes pilares da continuidade do negócio familiar.
O Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão iniciou a sua atividade em 1981, em Tondela, para a comercialização de bacalhau. Em 1998, adquiriu a fábrica de bacalhau Brites, Vaz & Irmãos, localizada em Aveiro e fundada em 1929, o lhe assegura uma capacidade de produção de cerca de 70 toneladas de bacalhau por dia.
Em 2002 inicia os investimentos no Brasil, com o lançamento da Brascod e onde o bacalhau BomPorto se assume como uma marca de referência.
Para responder ao novo segmento de mercado de bacalhau demolhado ultracongelado, em 2007 inaugura uma moderna unidade industrial, com uma capacidade de processamento de 6250 toneladas/ano e surge a marca Sr. Bacalhau – a marca premium comercializada pelo grupo.
Em 2010 surgem os enormes investimentos na Noruega, com a aquisição de 50% da Andenes Fiskemottak – uma estação de receção de peixe – e a construção da unidade de escala e salga Andoya Fisheries, o que permite controlar o percurso do bacalhau desde a saída de água até à mesa do consumidor, passando pela escala, salga, secagem e demolha. Nos últimos 3 anos, os investimentos em câmaras frigoríficas no Brasil alargam-se a S. Paulo e Recife.
Ao longo destes 85 anos de existência, o grupo conquistou uma posição de referência no mercado do bacalhau com clientes espalhados por mais de 30 países – a aposta na internacionalização fará com que a curto prazo cerca de 80% da produção do bacalhau seja para os mercados externos – e assumindo uma posição de líder na transformação e comercialização do bacalhau em Portugal.
Rui Costa, o grande impulsionador do grupo, costuma parodiar dizendo que “Só falta comprar o mar e os restaurantes – de resto, temos tudo!”
A história do grupo é “muito simples”, depois do 25 de abril, a mãe pretendia que ele fosse estudar engenharia para Aveiro, onde em vez de frequentar a universidade arranjou emprego, no final da década de 70, e descobriu o negócio do bacalhau.
Rui Costa costuma referir que “quando se tira um curso tem de se arranjar um patrão e uma empresa boa e passados uns anos, se se souber mandar, então deve-se aventurar numa empresa.”
Não tirou o curso, mas emprega muitos dos seus colegas no grupo que fatura mais de 125 milhões e é um dos maiores transformadores e comercializadores de bacalhau salgado seco e demolhado ultracongelado do mundo.
Temas para reflexão:
-
Qual é o nosso verdadeiro negócio?
-
Onde queremos estar daqui a 10 anos?
-
Conhecemos e estamos preparados para percorrer o caminho para chegar a esse futuro?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.