A Sucessão é um calcanhar de Aquiles na Empresa Familiar mas que pode ser devidamente tratada.
A Sucessão na empresa familiar deve ser entendida como processo recorrente e natural associada ao decurso do tempo e à característica de perenidade das pessoas.
Como as pessoas não são imortais, a sua ligação a uma empresa será sempre temporária e, consequentemente, os seus estatutos de titular (de parte ou da totalidade do capital) ou de líderes da sociedade serão alvo de transmissão ou de desaparecimento.
Como a vontade intrínseca de um empresário é a continuidade do seu legado, deve-se depreender que não desejará o desaparecimento do seu sonho e, consequentemente, tudo fará para criar as condições que melhor assegurem essa perenidade.
No entanto, o estudo “Empresas familiares da Região Norte: Mapeamento, Retratos e Testemunhos”, de 2018, desenvolvido pela UMinho, destacou a vulnerabilidade dos processos de sucessão na liderança e na propriedade das sociedades familiares.
De facto, podendo parecer um contrassenso, a sucessão ao nível da liderança e da propriedade da empresa é um fator que origina o desaparecimento de muitas sociedades familiares. São múltiplos os fatores que contribuem para a elevada taxa de mortalidade das empresas familiares, destacando-se:
- A não consciência para o processo de passagem do testemunho, em especial por parte das gerações mais seniores;
- A falta de preparação de potenciais sucessores para assumirem adequadamente as funções: as de herdeiro podendo parecer fáceis de assumir – o que é uma falácia – implicam um mínimo de preparação para se saber ser proprietário; as competências de liderança, por sua vez, não se adquirem de forma simples e rápida, o que não é compatível com a continuidade do negócio;
- O período de coexistência de sucessores e sucedidos;
- A não preparação dos sucedidos para o período pós-passagem e dos sucessores para os novos contextos e desafios.
Se a vontade do empresário é realmente a continuidade do seu legado, então deve preparar adequadamente os seus sucessores ou, no limite, a sua passagem a outras pessoas ou entidades.
A última fundição de sinos foi criada em Portugal há 87 anos! Em 1932 Serafim da Silva Jerónimo instalou em Braga uma pequena fábrica dedicada à fundição de sinos e carrilhões, a Fundição de Sinos de Braga.
Nessa época os sinos ainda eram os principais mensageiros da região onde estavam instalados: forneciam as horas e os seus distintos toques anunciavam as alegrias e tristezas às povoações.
No decorrer dos seus 87 anos de existência a tradição, a inovação e passagens de testemunho foram cuidadosamente asseguradas pela família Jerónimo.
Em 1975 assumiu a designação comercial Serafim da Silva Jerónimo e Filhos, Lda., tendo como sócios-gerentes o fundador e os seus filhos Arlindo, Henrique e Serafim da Silva Jerónimo.
Carlos Jerónimo, neto de Serafim considera ser a 4ª geração no negócio da família, pois o mesmo remonta mesmo a 1892, altura em que o seu bisavô, que trabalhava com sinos no Porto, construi a sua 1ª empresa em Alfena.
Revolucionando o mercado português nas áreas da fundição de sinos, relojoaria e órgãos litúrgicos, hoje a Fundição de Sinos de Braga é uma referência a nível nacional e nos PALOP’s, tendo mesmo introduzido em Portugal os Dispensadores Eletrónicos de Água Benta – um sistema inovador que pretendia dar resposta a questões ligadas à Saúde Pública em locais de grande confluência de pessoas.
Temas para Reflexão:
- A questão da sucessão já foi abordada na nossa empresa ou família?
- Quem deseja e está apto a assegurar a continuidade na liderança da empresa?
- Todos desejam ser sócios da empresa familiar ou existe quem prefira outras vias compensatórias?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.