É justo um sócio não trabalhador solicitar distribuição de dividendos?

É justo um sócio não trabalhador solicitar distribuição de dividendos?

5. Somos quatro irmãos e sócios há 15 anos, e em partes iguais, duma empresa. Três sempre trabalhamos na sociedade e o outro nunca o fez pois é funcionário público. Até à data temos reinvestido sempre os lucros, o que tem permitido fazer crescer o negócio e valorizar a empresa. Este ano o nosso irmão já nos falou que esperava ver neste exercício a distribuição de uma parte dos resultados. O que devemos fazer?
A vossa posição de reinvestir sempre os lucros parece ter estado a dar excelentes resultados e, enquanto gestores, é uma posição legítima apresentar e que os acionistas terão de apreciar e votar.

Tenha-se presente que, legalmente, uma sociedade deve distribuir 50% dos resultados distribuíveis, a não ser que a maioria dos sócios decida outro valor (no vosso caso assim tem ocorrido pois nunca distribuíram).

Vejamos agora a perspetiva do vosso irmão acionista: alocou a sua parte proporcional de capital, nunca o viu remunerado e nunca recebeu ordenado.

Qual a vantagem em ser sócio?

Genericamente, defendemos que a gestão da empresa deve assumir que o capital é um recurso que deve ser remunerado. Se a empresa solicita dinheiro emprestado à banca, suporta um custo, refletido na taxa de juro, pelo que será justo que assuma uma posição idêntica relativamente ao capital distribuindo uma parte dos lucros.

Neste contexto, é aconselhável que debatam a quatro e de forma muita aberta a política de remuneração do capital, no mínimo para permitir que este vosso irmão possa tomar uma decisão bem ponderada de continuar como acionista ou alienar a sua posição.

 

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 25 de setembro de 2015

1 Comment

  1. Carlos TROCADO FERREIRA

    As empresas remuneram os factores. O trabalho, através dos salários, o capital através dos lucros, rendas e juros. A operação, quando positiva, é o resultado do investimento em bens de capital ajustados e do bom trabalho da gestão, dos quadros/chefias e dos trabalhadores.
    Esse resultado líquido ao ser reinvestido melhora os rádios de capital próprio e o valor da empresa sobe. Essa é a perspectiva de longo prazo, pois os 25% de cada sócio ficam valorizados. Quer dos sócios que trabalham quer dos que é apenas sleeping partner.
    Por outro lado, se a empresa tem encargos com dívida (banca, leasings, e outras) é preferível avaliar o tipo de alavancagem que pretendem os accionistas, pois se distribuírem dividendos regularmente ao ponto de terem de recorrer a outras fontes de financiamento (contas caucionadas, leasing e outras…) pela consequente redução de tesouraria, devem avaliar que garantias estão a ser fornecidas aos credores como penhor bem como as taxas implícitas.
    Por fim, deve-se evitar misturar na mente dos investidores aquilo que é resultado do trabalho (vencimentos, salários ou bónus) daquilo que é resultado da operação empresarial (lucros/dividendos/capitalização)
    Cordialmente, Carlos TF

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