Ser um negócio familiar e muitas vezes associado a uma estrutura débil, pouco assente em boas práticas de funcionamento, com uma condução amadora e assente na ideia (desconhecida) de um líder, … e, como tal, com uma certa fragilidade a competir num mercado concorrencial.
Existindo casos que ilustram a imagem anteriormente apresentada, felizmente que a sua maioria já está muito longe desta típica caraterização.
As Empresas Familiares são cada vez mais uma referência de um modelo de gestão profissional que, quando devidamente desenvolvido e implantado, pode ser uma fator de vantagem comparativa.
Muitas destas organizações já definiram regras de Governo Familiar; isto é, cujos valores, visão e estratégia são muito suportadas na vontade da família que as controla, que se refletem em práticas que evitam e ultrapassam muitas das suas típicas desvantagens:
- Definição clara dos processos de admissão, gestão e despedimento de familiares;
- Política de orçamentação e gestão por objetivos;
- Prémios por resultados obtidos alargados aos funcionários;
- Inclusão de líderes independentes;
- A separação clara entre Empresa, Família e Propriedade e especificação das regras da sua coexistência, acabam por gerar um modelo de empresa muito coeso e competitivo.
A Imperial foi fundada em 1932 como um pequeno negócio familiar que, em 1973, cede a posição maioritária a um grupo empresarial, também de base familiar, a RAR da família Macedo.
A integração num grupo estruturado, com uma nova visão e excelentes práticas de gestão, permitiu desenvolver um conjunto de marcas que foram e são referência de inovação no mercado: as Bom-Bokas; as Pintarolas; as Fantasias de chocolate; o Jubileu (aquando do seu 50.º aniversário). Atualmente a Imperial conta com duas fábricas no país, que lhe permitem posicionar-se como o maior fabricante nacional de chocolates e detentor das principais marcas portuguesas do setor.
Dos tempos da fundação pouco resta, como reflete Manuela Sousa ao olhar para os mais de 80 anos da Imperial, quando afirma que “quase tudo mudou, desde alterações culturais, à evolução tecnológica, ao aumento das exigências do mercado ou aos novos desafios da economia”.
Da referência máxima de 500 quilos de chocolate por dia, dos tempos iniciais, passou-se para mais de 40 toneladas. Esgotar tal produção levou a apostar na internacionalização: exporta para mais de 40 países.
A melhoria contínua e os Sistemas de Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar há muito que são uma opção estratégica da empresa, patente nas diversas certificações obtidas – ISO 9001, International Food Standard (IFS) e Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI). A adaptação de produtos a requisitos muito específicos tem permitido o desenvolvimento de segmentos especiais do mercado, como são o dos chocolates sem açúcar, Kosher e Halal.
Temas para reflexão:
- Queremos ser uma empresa competitiva e com futuro?
- Adotamos ou estamos disponíveis para implementar procedimentos profissionais?
- Que vantagens ou desvantagens temos na sua real utilização?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.