É a empresa familiar mais antiga de Espanha – existe desde 1551 – e os seus produtos estão à venda em 100 países. O clã é composto por mais de 500 membros e as regras são claras: apenas quatro elementos da família podem trabalhar na empresa sendo preciso ter uma experiência de, no mínimo, cinco anos numa companhia externa. Chama-se Grupo Codorníu Raventós e há dias anunciou que a sua loja online faturou mais de meio milhão de euros.
É um exemplo notável de longevidade e mostra também que com disciplina e regras bem definidas é possível uma família empresária deixar o negócio crescer com o mínimo de silvas possível. Quando no século XVII Anna Codorníu, herdeira das terras e vinhedos da família, se casou com o viticultor Miquel Raventós, jamais imaginou que um dia iria reunir 200 acionistas em volta de valores suportados na confiança, no esforço, no profissionalismo e na paixão.
Foi isso mesmo que María del Mar Raventós continuou a mostrar em nome da família quando, em 1998, substituiu o seu primo no cargo de presidente do grupo tendo este já ultrapassado o limite máximo de idade para a função, uma vez que tinha 72 anos (ver caixa). María estava na empresa desde 1976, tinha experiência, formação – uma licenciatura em Ciências Económicas e outra em Filosofia – seis filhos, 10 adegas para gerir e um negócio no qual os vinhos chegavam a mais de uma centena de países.
Voltamos às regras: neste grupo empresarial, para além de só poderem trabalhar quatro membros família, é a necessidade da empresa que permite que um membro da família se possa candidatar a uma função. Mas para se ser um executivo da Codorníu Raventós, há que cumprir requisitos como ser dotado de um inglês fluente, sobretudo no âmbito dos negócios, ter uma licenciatura e ter trabalhado pelo menos cinco anos numa empresa externa ao grupo.
Mas não basta. Em causa está o facto de não ser a família quem elege estes candidatos mas sim um órgão externo que os aprecia: dois executive searchers, um professor de uma escola de negócios e o diretor geral. Uma vez selecionados, é apresentada uma proposta ao Conselho de Administração que é quem decide qual aceitam.
Renovação geracional obrigatória
A eternidade do negócio tem sido assegurada pela capacidade de relação com os acionistas e a família empresária, sendo a existência de um conjunto de princípios e regras um importante mapa neste caminho. E a renovação dos cargos é um dos seus pontos cardeais.
Com o objetivo de facilitar a sucessão clara e permitir a renovação geracional, no Grupo Codorníu Raventós está imposto o limite de 65 anos para exercício de postos executivos e de 70 anos para a sua presidência.
No que ao mercado de consumo diz respeito, a mensagem é clara: Apostar sempre na inovação e satisfazer o consumidor com vinhos e embalagens autênticas da sua origem.
Publicado em http://empresasfamiliares.jn.pt 2014/10/26, integrado no âmbito da conferência “A gestão de familiares a trabalhar na Empresa Familiar”, de que a efconsulting é coorganizadora
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.