Salvador Caetano começou a trabalhar aos 11 anos, formou a sua primeira empresa aos 20 e quando tinha 70 anos contabilizava a média de uma firma por ano. Feitas as contas, fez nascer 50 empresas em mais de meio século de atividade empresarial e concedeu um número gigante de postos de trabalho.

O Sr. Toyota, como era conhecido, fez um ano antes da sua morte, e já com a saúde frágil, a partilha dos negócios pelos três filhos. Todos os pontos ficaram nos ís.

Nasceu na sexta-feira santa de 2 de Abril de 1926, no lugar de S. Lourenço, freguesia de Vilar de Andorinho, concelho de Vila Nova de Gaia. Um dia depois da efeméride dos enganos. Ganhou vida física num ano em que nasceram figuras mediáticas como Fidel Castro e Marilyn Monroe e porque nada acontece por acaso, foi também em 1926 que Henry Ford instituiu, nas suas fábricas automóveis, cinco dias de trabalho semanais e oito horas por dia. E como que traçado pelo destino, foi precisamente através da indústria automóvel que Salvador Caetano marcou pontos, dentro e fora de portas.

Foi o terceiro filho de um casal de operários, gente muito pobre, que teve nove descendentes: seis rapazes e três raparigas. Com sete anos é encaminhado para a escola e, como o próprio confidenciava no seu núcleo mais chegado, era o melhor aluno. Aos 11 anos, quando terminou a instrução primária, começou a trabalhar como ajudante de pintor da construção civil.

Levantava-se às seis da manhã, demorava duas horas a chegar ao local de trabalho e o mesmo período para regressar ao final do dia, mas fazia questão de ser o melhor nas funções que desempenhava. Amealhou, ajudou financeiramente os pais, comprou a primeira bicicleta e aos 20 anos criou a sua primeira empresa. Tinha como sócios o irmão mais velho e outro indivíduo. Foi estudar inglês à noite e viajou para ver o que se fazia na Europa.

Casou aos 22 anos com Ana, pessoa que conhecia desde criança por ser sua vizinha e com quem chegou a fazer teatro. Namoraram quatro anos, tendo sido o grupo de representação a rampa de lançamento efetiva para o relacionamento. Da relação nasceram três filhos: Maria Angelina, Salvador Acácio e Ana Maria. Todos com cinco anos de diferença.

Há medida que o império Salvador Caetano foi crescendo e conquistando espaço para além dos negócios com a Toyota, o empresário com o mesmo nome passou momentos difíceis na altura do 25 de Abril. Já com uma dimensão nacional e a dar trabalho a milhares de pessoas, foi obrigado, por várias vezes, a despir-se e viu diversas vezes as suas malas serem vasculhadas, sempre que saía de Portugal em negócios.

Família, família, negócios à parte

salvador caetano grupo logoAos 84 anos fez as partilhas dos negócios, já com a saúde frágil. Os dois filhos mais velhos, Maria Angelina (casada com José Ramos, atual líder da empresa) e Salvador Acácio, ficaram com a holding que detém a Toyota Caetano Portugal. E Ana Maria, por seu turno, ficou com a totalidade da Caetano Coatigns, que detém a unidade industrial do Carregado, os 11% da Soares da Costa e desenvolveu um projeto autónomo.

Continuam a fazer crescer o grupo fundado pelo pai, mas este tipo separação permitiu uma evolução distinta, sem criar rivalidade entre irmãos. Ao longo da sua vida profissional o empresário teve a preocupação de descentralizar a gestão dos negócios, o que permitiu que a sua prole se habituasse a estas andanças.

salvador caetano grupoA divisão do grupo começou a ser desenhada na primeira década do séc. XXI, quando o fundador já estava afastado da gestão ativa do mesmo. À data a fortuna da família Caetano estava avaliada em mais de 600 milhões de Euros, agrupando cerca de 150 empresas e mais de 6800 trabalhadores

 

Publicado em http://empresasfamiliares.jn.pt  2015/11/24, integrado no âmbito da conferência“Modelos de bom governo da Empresa Familiar”, de que a efconsulting é coorganizadora

 

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