Não é por acaso que as pessoas preferem trabalhar em Empresas Familiares.
Se no princípio era a autossuficiência, nos dias de hoje pode-se assegurar que é a “totaldependência”. Os excessos de produção levaram às permutas, à especialização, ao comércio, à necessidade de criação de entidades agregadoras e, naturalmente, de trabalhadores.
Uma grande maioria das entidades geradoras de emprego são empresas familiares, para além das detidas por outro tipo de acionistas, as cooperativas, o setor social, entidades públicas e o próprio estado.
O estudo “Edelman Trust Barometer 2017. Special Report: Family Business” desenvolvido pela Edelman, em 2017, analisou a vontade dos participantes em trabalharem numa empresa familiar, tendo-se verificado que:
- 54% dão preferência a estas sociedades;
- 21% não desejam este tipo de organização;
- 19% consideram não ser um fator relevante nas suas preferências para entidade empregadora.
Entre aqueles com manifestaram preferência do tipo de entidade para trabalhar, mais de 2,5 preferem sociedades familiares.
Estes dados refletem a existência e as práticas das empresas familiares que estão presentes em todos os países que potenciam a liberdade económica, marcando presença em todos os setores de atividade, em todas as zonas geográficas (nomeadamente as menos favoráveis) e numa amplitude dimensional que vai das micro às maiores empresas de qualquer país ou a grandes multinacionais com atuação global.
Trabalhar numa empresa familiar é distinto, se ainda não o fez, não perca a próxima oportunidade.
Foi em 1961 que Rui Azinhais Nabeiro criou a sua própria marca de café. Nos dias de hoje o grupo possui 22 empresas e empresa mais de três mil funcionários para que possam ser consumidos diariamente cerca de 9,7 milhões de cafés delta.
Alcançar este patamar em sessenta anos, a partir de uma vila raiana, só é possível com a uma gestão suportada nas pessoas. O jornal Diário de Notícias, publicou o artigo “O meu patrão é o melhor do mundo” (20/01/14), onde surgem diversos testemunhos de empregados da Delta Cafés, dos quais se relevam os seguintes excertos:
“Tinha 17 anos quando vim. Uns anos depois, um amigo começou a aliciar-me para ir para a Guarda Fiscal, que teria um futuro garantido e eu fiquei deslumbrado e despedi-me. … o senhor Rui … pôs-me a mão no ombro e disse: ‘Tu vais mas se quiseres, e quando quiseres, tens aqui a porta aberta.’ Quatro ou cinco meses depois, voltou. Quando entregou a farda ao capitão, em Queluz, o homem ficou espantado: ‘Então o senhor quer ir-se embora de um emprego do Estado, como guarda fiscal?’ Adelino, no seu jeito contido e cerimonioso de ser, respondeu: ‘São problemas familiares’. Mas não eram. Algo lhe dizia que pertencia à Delta. E o olhar daquele homem, que lhe prometeu a porta aberta para um possível retorno, nunca mais lhe saiu da cabeça. ‘Quando voltei, recebeu-me de braços abertos. Devo tudo ao senhor comendador e à esposa, dona Alice.’ (Adelino Cardoso, 37 anos a trabalhar na empresa).
“… o meu segundo filho teve uma pneumonia e eu fiquei 15 dias com ele em casa. Descontos, chamadas de atenção? Nada. Nunca. É um patrão como não há!”, afirmou Cristina Lourenço.
Num artigo e entrevista ao jornal Expresso (Rui Nabeiro. Nasci numa terra pobre, por isso sou socialista, 2016/02/19), está bem caraterizado o lado humano deste empresário familiar: “Rui Nabeiro está perto dos seus funcionários, olha nos seus olhos, pergunta pela vida, pela família, praticamente intui quando algo não vai bem, e não descansa enquanto não ajuda, da forma que pode.”
Temas para Reflexão:
- Porque é que as pessoas desejam trabalhar na nossa empresa?
- O que nos diferencia das restantes entidades nossas vizinhas?
- Como podemos manter a confiança dos empregados na nossa empresa familiar?
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.