
A Delta sob o “ponto de vista” de Rui Miguel Nabeiro
Pelo lançamento do livro “O LEGADO do meu avô”, o ECO entrevistou Rui Miguel Nabeiro.
É um testemunho fantástico que merece ser escutado.
Para incentivar a esta ação e à própria aquisição e leitura do livro, permito-me salientar alguns pontos abordados e extrair e citar alguns parágrafos, desta icónica empresa familiar® com origens em Rio Maior.
A empresa possui um objetivo global claro
“Que a Delta seja vista sempre como uma empresa cujo seu propósito é provocar o bem-estar na comunidade. E a comunidade quer dizer os seus colaboradores, em primeiro lugar, mas logo a seguir toda a comunidade em que está envolvida.“
A empresa tem um objetivo económico preciso (mensurável em dimensão e espaço temporal)
“… e a nossa ambição, e a visão que temos para a empresa, é chegar ao top 10 mundial” […] … no espaço de 15 anos.
Como?
” … temos que trabalhar bastante e crescer organicamente. Portanto, ter mais clientes, em particular, obviamente, em mercados internacionais.”
“… Eu sempre vi … do meu avô esta vontade de ser inovador e de fazer as coisas de uma forma diferente, trazendo valor acrescentado para os clientes e para os consumidores. É no que acredito e acho que é importante contagiar depois a empresa neste espírito, para que todos possam colaborar.”
“… Daí que um dos pilares de crescimento seja a diversificação, quer venha por via de inovação ou de oportunidades de distribuirmos produtos de outros que sejam interessantes para nós.“
“Como é que se lida com ser sucessor de uma pessoa tão carismática como o comendador Rui Nabeiro?”
“A primeira coisa que tenho que fazer é não me colocar nesse lugar de sucessor, acho que ninguém sucede ao Rui Nabeiro. O Rui Nabeiro é uma instituição, e eu gosto muito de dizer isto, mas é mesmo verdade. Não acho que seja justo para mim, o meu avô de facto era um… enfim, nem tenho muita facilidade em qualificar o meu avô, era uma figura incontornável, indiscutível e de facto uma vida de sacrifício e dedicação ao negócio e depois à sua região e também à sua comunidade. É uma figura que merece, acredito eu, o respeito de todos, pelo que conquistou. Colocar-me em bicos de pés ao lado… nunca conseguirei chegar à altura de um homem como ele. Até pela admiração que tenho por ele, é muito difícil.”
Cometeu erros?
“Cometi vários, acho que só consegui chegar a este lugar de responsabilidade porque, de facto, cometi erros, naturalmente. E acho que os continuo a cometer. Obviamente com a idade e com a experiência, acho que vamos cometendo menos, penso eu, mas o erro faz parte também do risco. Quando decidimos correr um risco, investir num projeto, fazer as coisas de forma diferente, muitas das vezes erramos e é importante depois termos a humildade e o discernimento de perceber, bom, não está a correr bem, vamos corrigir. Conto sempre a história das cápsulas, porque todos ouvimos o sucesso enorme que foram as cápsulas, a Delta Q em cinco anos liderava o mercado das cápsulas de café. Em 2006 lançámos um produto que eram umas pastilhas, uns pods, que era o Delta Gourmet.
Nessa altura fiz o estudo de mercado e naturalmente que o consumidor dizia que não queria estar fechado a um sistema de cápsulas e máquinas que fosse fechado, era um tema importante para o consumidor, e eu achei ‘bom, isto vamos para um sistema open source’, que eram os pods. E foi um falhanço enorme. Investimos bastante dinheiro e não vendíamos absolutamente nada.
Nessa altura estava numa fase muito inicial da minha carreira e tive que ganhar coragem para, em seis meses, chegar ao meu avô e dizer “olha, errei, acho melhor nós abortarmos isto e pensarmos num projeto diferente”. Menciono este, porque foi muito difícil.
Parabéns à Carla Borges Ferreira, ao Diogo Simões e ao Hugo Amaral pela entrevista, que pode ser lida na íntegra ou escutada aqui.
