Fundámos a nossa empresa há 40 anos e durante esse período deu um grande bem-estar a toda a família. Agora que eu e a minha mulher temos mais de 80 anos, nenhum dos 3 filhos quer assumir a empresa. O que fazer?
Naturalmente que uma empresa com uma vida tão longa, à qual naturalmente dedicaram todo o vosso tempo, merece uma tomada de decisão sobre o que fazer para garantir a sua continuidade, bem como os empregos que certamente disponibiliza.
A postura dos vossos filhos, por muito que possa parecer injusta, certamente que foi assumida de forma devidamente ponderada e demonstra dois aspetos relevantes:
- Que os pais lhes proporcionaram formação e condições que lhes permitem um desenvolvimento profissional noutras alternativas que não a empresa da família;
- Que é melhor assumir esta posição do que integrarem a liderança da empresa para a qual não consideram ter o perfil adequado e, consequentemente, redundar num fracasso (seria mau para todos: eles, os pais, a empresa, os trabalhadores, etc.).
Neste contexto, seria oportuno envolverem os vossos filhos (e futuros herdeiros) no processo de conceção e seleção da melhor solução para todos, sendo que deverão equacionar as seguintes alternativas:
- Vender a totalidade da participação da empresa e efetuar o correspondente encaixe financeiro, assegurando liquidez para as vossas necessidades futuras e libertando os filhos do ónus de lidar com a situação;
- Vender uma parte da empresa a um sócio que assegure a sua gestão e tornar-se num acionista ativo, com hipótese de envolver os filhos na partilha da propriedade;
- Manter a propriedade da empresa nas mãos da família, atribuindo a gestão da mesma a um profissional ou equipa que assegure de forma adequada a sua liderança e alcance os objetivos que os acionistas definam.
Se existirem internamente pessoas com o perfil adequado seria excelente; caso contrário, devem optar por recorrer ao exterior. Este último cenário possui a vantagem de permitir um futuro envolvimento de um ou mais dos vossos netos.
Seja qual for a alternativa, o ideal é enfrentar a situação brevemente, com envolvimento dos filhos e de uma forma planeada e profissional, isto é, recorrendo a especialistas que os auxiliem no desenho da solução e implementação da mesma, minimizando potenciais riscos inerentes a cada uma das opções e assegurando a melhor valorização do vosso património.
Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 26 de abril de 2019
CEO da efconsulting e docente do ensino superior.
Especialista na elaboração de Protocolos Familiares, Planos de Sucessão, Órgãos de Governo, acompanhando numerosas Empresas e Famílias Empresárias.
Orador em seminários, conferências e autor de livros e centenas de artigos relacionados com Empresas Familiares.